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O que ninguém está falando sobre o mega-negócio de R$ 1,6 bilhão no varejo Nordestino

Guararapes avança na venda do Midway Mall e prepara nova fase focada no varejo e inovação A gigante do varejo nordestino anunciou há poucos dias a venda de um dos seus mais valiosos ativos — ...
Eliseu Lins, da Agência NE9
12 de novembro de 2025 - às 11:05
Atualizado 12 de novembro de 2025 - às 11:05
5 min de leitura

Guararapes avança na venda do Midway Mall e prepara nova fase focada no varejo e inovação

A gigante do varejo nordestino anunciou há poucos dias a venda de um dos seus mais valiosos ativos — a transferência de 100% de participação em shopping de alto padrão no Rio Grande do Norte por R$ 1,6 bilhão.

A Guararapes S.A. deu um novo passo rumo à conclusão da venda do Midway Mall, ao submeter ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) o processo de transferência integral do shopping, avaliado em R$ 1,6 bilhão.

O acordo ocorreu por meio de um memorando de entendimentos com a Capitânia Capital e um grupo de investidores. Dessa forma, envolveu 100% das cotas do maior centro de compras de Natal. Ainda sem contrato definitivo, o movimento é uma etapa fundamental para reforçar o caixa da empresa. Desse modo, tornar a operação mais enxuta e eficiente, com foco total no varejo de moda.

O contrato definitivo ainda não foi assinado. Contudo, — trata-se de um memorando de entendimentos submetido ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para análise — o movimento já é considerado estratégico para reposicionar a empresa vendedora.

Mudança de rota estratégica

A negociação representa uma mudança de rota estratégica da Guararapes, que vem reduzindo gradualmente sua exposição a ativos imobiliários para concentrar esforços na modernização e expansão da Riachuelo. O processo vem sendo conduzido pelo BTG Pactual há cerca de seis meses, dentro do plano de desalavancagem financeira da companhia, que já apresenta uma das menores relações entre dívida líquida e Ebitda do setor. A venda do Midway encerra um ciclo iniciado em 2005, quando o shopping foi inaugurado como parte do projeto de integração vertical idealizado pelo fundador Nevaldo Rocha.

Tasso em entrevista a CNN foto reprodução
Tasso em entrevista a CNN foto reprodução

Do lado comprador, a Capitânia Capital, que tem a frente o empresário Tasso Jereissati, amplia sua atuação no segmento de varejo e ativos de alta rentabilidade, ao incorporar ao portfólio um empreendimento com desempenho financeiro sólido e potencial de valorização contínua. Apenas nos primeiros nove meses de 2025, o Midway registrou R$ 89,8 milhões em receita líquida e R$ 88,9 milhões em NOI (lucro operacional líquido). Assim, esses resultados foram impulsionados pela retomada do consumo e pelo aumento da taxa de ocupação das lojas. Esses números consolidam o shopping como um dos mais rentáveis e valorizados do Nordeste.

A expectativa é de que o Cade aprove a operação nos próximos meses, permitindo que a Guararapes conclua o processo ainda em 2025. Com os recursos da venda, a companhia pretende acelerar projetos de digitalização, renovar o parque de lojas e fortalecer sua estrutura financeira. O negócio, considerado um dos mais relevantes do setor neste ano, marca o início de uma nova fase para a Guararapes — mais leve, capitalizada e totalmente voltada à inovação e expansão no varejo de moda.

loja Afrocolab shopping em Salvador
A Bahia é o estado com mais shoppings no Nordeste

Por que isso pode importar

  • A princípio, trata-se de um dos maiores valores pagos por um shopping no Nordeste. Os R$ 1,6 bilhão representa uma parcela significativa do valor de mercado da empresa vendedora.
  • Assim, a empresa vendeu o ativo para concentrar esforços no core do negócio — no caso, o varejo de moda — e reduzir sua exposição a imóveis comerciais.
  • Ao mesmo tempo, para o comprador, trata-se de incorporar um empreendimento consolidado, com forte geração de receita e elevado potencial de valorização no Nordeste, região menos saturada e com tendência de crescimento.

O que está em jogo

  • Antes de mais nada, o negócio ainda depende de aprovação pelo Cade e da formalização. Até o momento, não há contrato final e as partes ainda estudam condições e due diligence.
  • O valor de R$ 1,6 bilhão deve entrar total ou parcialmente no caixa da empresa vendedora. E isso pode liberar recursos para investimentos em tecnologia, digitalização ou distribuição de dividendos.
  • O ativo está em uma capital nordestina e em uma localização privilegiada. E conta com área de lojas relevante, marcas bem estabelecidas e número considerável de visitantes — fatores que reforçam seu apelo para investidores.

O que muda para o mercado

  • Para a empresa vendedora: foco renovado no varejo de moda, menor alavancagem, potencial de retorno aos acionistas.
  • Para investidores de shoppings comerciais: surgem oportunidades em regiões fora dos grandes centros do Sudeste, com menor competição e maior espaço para crescimento.
  • Para o mercado imobiliário comercial: a transação sinaliza que ativos em regiões periféricas (relativamente) tem valorização e não apenas os localizados em grandes metrópoles.

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Eliseu Lins

Eliseu Lins é baiano de nascimento e paraibano de coração. Jornalista formado na UFPB, tem mais de 20 anos de atuação na imprensa do Nordeste. É pós-graduado em jornalismo cultural e ocupa o cargo de editor-chefe do NE9 desde 2022.