Ser convocado para a Seleção Brasileira atuando em um clube do Nordeste é um feito raro — e, por isso mesmo, muito celebrado. Nesta semana, o meia Jean Lucas, do Bahia, entrou para a história ao ser chamado por Carlo Ancelotti, encerrando um jejum de oito anos sem jogadores nordestinos na Amarelinha.
O último foi Diego Souza, pelo Sport, em 2017. Desde 2001, apenas seis atletas de times do Nordeste tiveram a oportunidade de vestir a camisa da Seleção.
Contudo, muitas coisas estão por trás dessa raridade de ter jogador de time do Nordeste na seleção. Estar fora do eixo Sul-Sudeste é o principal deles. Vale ressaltar que o baiano Bebeto só disputou a Copa de 1998 após Zagallo pedir para ele sair do Vitória.
Relembre os nordestinos que chegaram lá neste século
- Leomar (Sport, 2001) – Convocado por Emerson Leão, sua chamada gerou polêmica e até virou piada com a expressão “Era Leomar”. Fez cinco jogos como titular, mas nunca mais voltou à Seleção após a saída do treinador.
- Dudu Cearense (Vitória, 2003) – Brilhou no Mundial Sub-20 e foi com o elenco para a Copa das Confederações de 2003. Jogou ainda a Copa América de 2004, mas logo transferiu-se para o futebol japonês.
- Nadson (Vitória, 2003) – Chamado para a Copa Ouro, disputada por um time olímpico. Entrou em duas partidas e dividiu elenco com nomes como Kaká e Robinho. Foi o último jogador de um clube baiano a ter convocação, até agora.
- Douglas Santos (Náutico, 2013) – Aos 19 anos, rompeu um hiato de quase meio século sem alvirrubros na Seleção. Mais tarde brilhou pela equipe olímpica que conquistou o ouro em 2016.
- Diego Souza (Sport, 2017) – Em grande fase, fez cinco jogos sob Tite, marcou dois gols — um deles o mais rápido da história da Seleção, contra a Austrália — e alimentou o sonho de ir à Copa de 2018.
- Jean Lucas (Bahia, 2025) – A nova história. Com números expressivos no Tricolor, já soma 15 gols em 101 jogos. Sob o comando de Rogério Ceni, transformou-se em peça decisiva no meio-campo e agora ganha chance de mostrar esse talento vestindo o verde e amarelo.

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O peso da convocação
A lista de nomes é curta, mas mostra que o Nordeste pode, sim, ser vitrine para a Seleção. Jean Lucas chega para representar não só o Bahia, mas toda a região que tantas vezes sofre preconceitos e vira apenas ‘fornecedora’ de talentos que vão para o Sudeste e para a Europa.
O meia tricolor, que já superou seus números em outros clubes, agora carrega o desafio de provar que a Fonte Nova também pode ser palco de jogadores de Seleção. Para os torcedores nordestinos, a convocação é mais que simbólica: é um lembrete de que o futebol da região segue vivo, pulsante e competitivo.
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