O Nordeste brasileiro será protagonista em uma nova etapa de mapeamento e descoberta de cavernas no país. O Plano de Ação Nacional para Conservação do Patrimônio Espeleológico Brasileiro (PAN Cavernas do Brasil), coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (ICMBio/Cecav), está com inscrições abertas até 12 de outubro para o edital “Ampliando Rotas”, que financiará 10 projetos de prospecção espeleológica em áreas consideradas prioritárias.
Projeto deve revelar cavernas para visitação no Brasil
A princípio, a iniciativa, desenvolvida em parceria com a Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE), destina até R$ 80 mil para apoiar expedições de grupos brasileiros filiados à SBE. Entretando, o objetivo é revelar novas cavernas e ampliar o conhecimento sobre o patrimônio subterrâneo nacional — e dois estados nordestinos, Bahia e Rio Grande do Norte, estão entre as regiões prioritárias para esta fase de pesquisa.
Nordeste no mapa das cavernas brasileiras

Segundo o levantamento do PAN Cavernas do Brasil, tanto Bahia quanto Rio Grande do Norte apresentam grande potencial para a ocorrência de cavernas ainda não registradas oficialmente. No Rio Grande do Norte, três áreas foram indicadas para estudo, unindo regiões geologicamente semelhantes, com formações que favorecem a existência de cavidades naturais.
Na Bahia, quatro regiões chamam atenção dos pesquisadores:
- Paripiranga, Uauá e Canudos, no norte do estado, com áreas contínuas de formações rochosas propícias à ocorrência de cavernas;
- Iraquara, conhecida como a “capital das cavernas da Bahia”, onde estão sistemas como o da APA Doce-Pratinha, em meio a rochas calcárias da Formação Salitre;
- Serra do Ramalho, no oeste baiano, que abriga uma extensa faixa de afloramentos de rochas carbonáticas do Grupo Urucuia, com potencial para revelar novas estruturas subterrâneas.




Essas áreas já despertam o interesse de grupos de pesquisa como o Espeleonordeste, Grupo Mundo Subterrâneo de Espeleologia e o Meandros Espeleo Clube, que buscam mapear, registrar e conservar o patrimônio natural do subsolo nordestino.
Descoberta e conservação ambiental
De acordo com o espeleólogo Allan Calux, articulador do PAN Cavernas, o trabalho de prospecção fortalece a base de dados dos sistemas. Assim, ajuda o Cadastro Nacional de Cavernas (CNC) e Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas (CANIE). Ao mesmo tempo, eles já reúnem mais de 29 mil cavidades registradas em todo o país.
Dessa forma, essas novas pesquisas permitirão registrar cavernas ainda desconhecidas. Assim, vai trazer dados geoespaciais, espeleotopografias e critérios de caracterização ambiental. Em suma, o resultado deve contribuir para planejamento territorial, turismo sustentável e ações de conservação. E vai beneficiar ainda mais as regiões que ainda não contam com levantamentos completos — como o semiárido nordestino.
Segundo o analista ambiental Tiago Silva, coordenador da ação que definiu o mapa de áreas prioritárias, o projeto “propiciará o registro de novas cavernas até então fora do cadastro oficial, ampliando o conhecimento sobre o patrimônio espeleológico brasileiro”.
Potencial para o turismo e o desenvolvimento regional
O Nordeste, já reconhecido por suas belezas naturais, pode ampliar o turismo científico e ecológico a partir dessas descobertas. Locais como Iraquara (BA) e Felipe Guerra (RN) — que abriga algumas das cavernas mais conhecidas da região — tendem a se consolidar como rotas de ecoturismo, atraindo visitantes e pesquisadores.
A descoberta de novas cavernas também tem impacto na educação ambiental, na preservação de ecossistemas subterrâneos e na geração de renda para comunidades locais envolvidas em projetos de conservação.
O que é o PAN Cavernas do Brasil?
O PAN Cavernas do Brasil é um programa federal que integra 43 ações de conservação, distribuídas em quatro objetivos específicos:
- Geração de conhecimento científico;
- Conservação e uso sustentável;
- Monitoramento e prevenção de impactos;
- Fortalecimento institucional e divulgação do patrimônio espeleológico.
Com duração prevista de cinco anos, o plano busca prevenir e mitigar danos ambientais, além de proteger 169 espécies ameaçadas que habitam ambientes subterrâneos.
Inscrições abertas
Portanto, os grupos interessados podem enviar propostas até 12 de outubro de 2025. As inscrições devem contemplar ao menos um dos eixos do Programa Nacional de Conservação do Patrimônio Espeleológico (PNCPE) e seguir as diretrizes da Sociedade Brasileira de Espeleologia.
A lista das áreas contempladas e os critérios de participação estão disponíveis no site do ICMBio/Cecav e da SBE.
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