O Nordeste brasileiro pode estar prestes a ganhar uma companhia aérea regional estatal. A princípio, a iniciativa é do Consórcio de Governadores do Nordeste, com o objetivo de ampliar a malha de voos entre os estados da região. A informação é do ministro do Turismo, Celso Sabino, durante entrevista na abertura do Visit Brasil Summit, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
Resposta surge à baixa conectividade aérea entre os estados da região
A princípio, a proposta é uma resposta à carência de conectividade aérea entre os nove estados nordestinos. Ao mesmo tempo, eles enfrentam desafios logísticos e dependência de hubs em outras regiões do país para deslocamentos simples entre capitais e cidades de médio porte. De acordo com o ministro, além de incentivos para companhias privadas, há tratativas para a criação de uma empresa pública de aviação regional.
“O Consórcio de Governadores do Nordeste trabalha para a concessão de benefícios que viabilizem a operação de uma nova companhia na aviação regional, inclusive com a possibilidade de criação de uma empresa estatal”, afirmou Celso Sabino.
Apesar do foco atual do governo federal estar voltado para o transporte rodoviário e marítimo, o setor aéreo brasileiro vive um momento de recuperação: em 2024, mais de 118 milhões de passageiros já foram transportados, número recorde segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
Nordeste concentra baixa oferta de voos regionais

Dados atualizados da ANAC apontam que, mesmo com aeroportos em todas as capitais nordestinas e diversos terminais regionais em operação, a malha aérea intra-regional ainda é limitada. A maioria das rotas entre cidades nordestinas exige conexões em grandes centros como Brasília ou São Paulo.
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O Aeroporto Internacional de Salvador teve 27% de seus voos com origem ou destino dentro do próprio Nordeste.
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No Aeroporto de Recife, um dos mais conectados da região, esse índice foi de 31%, impulsionado por rotas para João Pessoa, Natal, Maceió e Teresina.
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Aeroportos como o de Juazeiro do Norte (CE) e Petrolina (PE), que têm alto potencial turístico e agroindustrial, operam com oferta limitada de destinos diretos regionais.
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Cidades turísticas como Barreirinhas (MA) e Parnaíba (PI) ) ainda dependem de longos trechos rodoviários por falta de conexões aéreas diretas.
FNAC pode impulsionar aviação regional
Outro estudo em andamento no Governo Federal prevê o uso de recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC) para adquirir aeronaves por empresas aéreas. A proposta está na nova Lei Geral do Turismo que permite ao FNAC atuar como garantidor de empréstimos para renovação de frotas.
“Esse fundo poderá ser essencial para o crescimento e recuperação da aviação”, explicou Sabino.
Os desafios das companhias aéreas comerciais são constantes. Altos custos operacionais e dependência de combustíveis fósseis são alguns deles. Além disso, o uso de aeronaves de menor porte, com tecnologia nacional e voos de curta distância, tem sido apontado como uma solução eficiente e sustentável para integrar o interior do Brasil.
Uma solução pensada a partir do território
Dessa maneira, a criação de uma companhia aérea estadual ou consorciada entre estados pode representar um avanço significativo para o desenvolvimento do turismo, do comércio e da logística inter-regional. Aliás, o modelo já existe em países como Canadá, Austrália e mesmo na Amazônia brasileira. Em suma, são aviões menores atendendo rotas de baixa demanda. Contudo, tem grande relevância estratégica e social.
Portanto, a proposta, agora pública, ainda deve passar por estudos de viabilidade e articulação entre os governos estaduais e o Ministério do Turismo.
Enquanto isso, cresce a expectativa por mais investimentos em infraestrutura aeroportuária regional. Na pauta também estão a readequação de tarifas aeroportuárias e subsídios para rotas estratégicas. Estes são itens essenciais para tornar a aviação regional mais acessível e conectada no Nordeste.
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