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Nordeste é a única região do Brasil a diminuir número de empresas em recuperação judicial

A trajetória das empresas em recuperação judicial no Brasil não é uniforme. Enquanto algumas regiões veem a tempestade começar a se acalmar, outras enfrentam ventos cada vez mais fortes. Os dados mais recentes do Monitor RGF ...
Redação, da Agência NE9
2 de setembro de 2025 - às 08:30
Atualizado 2 de setembro de 2025 - às 08:30
4 min de leitura

A trajetória das empresas em recuperação judicial no Brasil não é uniforme. Enquanto algumas regiões veem a tempestade começar a se acalmar, outras enfrentam ventos cada vez mais fortes. Os dados mais recentes do Monitor RGF da Recuperação Judicial, referentes ao 2º trimestre de 2025, pintam um retrato de contrastes marcantes entre as regiões do país, com o Nordeste surgindo como um ponto de luz em meio a um cenário nacional ainda desafiador.

O destaque positivo: Nordeste

Em um movimento que vai na contramão da média nacional, três estados do Nordeste registraram queda expressiva no número de processos de recuperação judicial. A Bahia se destaca com a redução mais significativa em porcentagem do país, um sinal de alívio para o setor empresarial local.

  • Bahia: -22 casos (-15,0%)
  • Ceará: -4 casos (-5,6%)
  • Paraíba: -1 caso (-2,9%)

Ao mesmo tempo, no agregado, a região Nordeste foi a única a apresentar crescimento negativo no período, com uma queda de -2,3% em seu total de empresas em RJ.

Sul e Centro-Oeste

O relatório revela que a região Sul teve o segundo maior avanço proporcional do país, com um aumento de 4,5% em seu total, chegando a 1.127 empresas. O grande motor por trás desse crescimento foi o Rio Grande do Sul, que adicionou 33 novos casos ao seu quadro (+7,7%).

No entanto, os números absolutos contam apenas parte da história. A análise mais crítica vem do Índice RGF de Recuperação Judicial (IRJ), que mede a proporção de empresas em recuperação judicial em relação ao total de negócios ativos na região. É aqui que o Centro-Oeste assume uma posição preocupante.

Com um IRJ de 2,75, o Centro-Oeste possui o maior índice de concentração de empresas em dificuldades do Brasil, indicando uma pressão econômica mais intensa sobre seus negócios. A região manteve estabilidade relativa no trimestre (+1,0%), mas o indicador proporcional segue em nível elevado.

Destaques por estado nestas regiões:

  • Região Sul | Total: 1.127 empresas | IRJ: 2,41
    • Rio Grande do Sul: 460 empresas (+7,7%)
    • Paraná: 376 empresas (+1,3%)
    • Santa Catarina: 291 empresas (+3,9%)
  • Região Centro-Oeste | Total: 610 empresas | IRJ: 2,75
    • Goiás: 309 empresas (+0,3%)
    • Mato Grosso: 213 empresas (+2,4%)
    • Mato Grosso do Sul: 44 empresas (=)
    • Distrito Federal: 44 empresas (=)

Análise Especializada: Um Olhar Além dos Números Absolutos

Rodrigo Gallegos, sócio da RGF, oferece uma análise crucial para interpretar os dados: “Apesar de o Sudeste ainda liderar em volume absoluto, é no Sul e no Centro-Oeste que os indicadores mais preocupam. A proporção de empresas em recuperação judicial frente ao total de negócios ativos nessas regiões é significativamente mais alta que a média nacional.”

Isso significa que, embora o Sudeste tenha um número maior de casos (2.346), a saúde empresarial das regiões Sul e Centro-Oeste pode estar sob estresse relativamente maior.

Renegociação de dívidas.

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Visão Geral do 2º Trimestre de 2025

A tabela abaixo consolida o panorama nacional, permitindo uma comparação clara entre o volume de casos e o risco proporcional (IRJ) de cada região.

RegiãoEmpresas em Rec. JudicialVariação vs. 1T25IRJ (Índice RGF)
Sudeste2.346+1,6%1,68
Sul1.127+4,5%2,41
Nordeste721-2,3%2,32
Centro-Oeste610+1,0%2,75
Norte161+5,2%1,14

Fonte: Monitor RGF da Recuperação Judicial – 2º Trimestre de 2025.

Assim, os dados reforçam a complexidade do cenário econômico brasileiro. O Nordeste, particularmente Bahia, Ceará e Paraíba, mostra sinais promissores de resiliência e recuperação. Por outro lado, as altas taxas proporcionais nas regiões Sul e Centro-Oeste servem como um importante termômetro para gestores e investidores. Desse modo, sinaliza onde os desafios para a continuidade dos negócios são mais acentuados.

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