No Dia do Trabalho, celebrado em 1º de maio, o Brasil relembra não apenas as conquistas trabalhistas, mas também o esforço histórico de milhões de brasileiros que ajudaram a construir o país com as próprias mãos. antes de tudo, um dos capítulos mais emblemáticos dessa história é o protagonismo dos candangos — como ficaram conhecidos os trabalhadores migrantes, majoritariamente nordestinos e nortistas, que participaram da construção de Brasília, a atual capital do Brasil.
Nordestinos foram maioria entre os operários pioneiros que construíram a capital federal
A princípio, esses pioneiros, movidos pela promessa de um novo começo, enfrentaram jornadas exaustivas, viveram em alojamentos improvisados e foram fundamentais para que o grande projeto de modernização nacional do presidente Juscelino Kubitschek saísse do papel.
Quem eram Os Candangos?

Em 1957, os primeiros 256 trabalhadores chegaram à região do Planalto Central para iniciar as obras da futura capital. A maioria vinha do Norte e Nordeste do país, principalmente de estados como Ceará, Piauí, Maranhão, Pernambuco e Bahia. A grande seca de 1958, por exemplo, motivou centenas de famílias a deixarem o interior do Ceará em busca de emprego na nova capital.
Com poucas posses, alguns sequer carregavam bagagem. Viajavam por até 45 dias na carroceria de caminhões, por estradas de terra, sob o sol escaldante. Ao chegar, passavam por triagem no Instituto de Imigração e Colonização (INIC), ligado à Novacap — a Companhia Urbanizadora da Nova Capital — onde eram registrados e destinados a funções na construção civil.
Vida dura e trabalho árduo no coração do Brasil

O cotidiano dos candangos era de intenso sacrifício. Muitos trabalhavam até 16 horas por dia, com remuneração por hora. Para aumentar os ganhos, havia quem aceitasse “empreitadas” que exigiam dois ou três dias seguidos sem dormir, como contou um trabalhador da época:
“Eu pegava empreitada de 200 horas e com dois dias eu dava ela pronta. Parava só pra almoçar e à meia-noite tomar um café.”
Não foi facíl
Os serventes dormiam em galpões, enquanto os mestres de obra tinham quartos de madeira. Alimentavam-se nas cantinas das construtoras ou nos refeitórios da própria Novacap. O lazer era escasso: os momentos de descanso eram dedicados a contar histórias, recordar a terra natal e sonhar com um futuro melhor.
Portanto, apesar do sofrimento, a esperança era combustível. Muitos candangos afirmam, décadas depois, que viveram um tempo de amizade sincera e sentimento coletivo de missão.
A construção de Brasília e o projeto desenvolvimentista
A mudança da capital do Rio de Janeiro para o Centro-Oeste não era uma ideia nova, mas foi Juscelino Kubitschek quem a concretizou, como parte do ambicioso Plano de Metas. Dessa forma, Brasília seria a meta-síntese do governo JK, simbolizando a modernidade, a integração nacional e o progresso.
Assim, a propaganda sobre a “terra prometida” atraiu milhares de pessoas. A construção da cidade, planejada por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, só foi possível graças à força de trabalho desses migrantes — trabalhadores sem os quais a capital não teria sido erguida em apenas três anos.
Os candangos na construção de Brasília
Item | Detalhes |
---|---|
Período de migração | 1957–1960 |
Origem principal dos trabalhadores | Nordeste e Norte do Brasil |
Motivações para migrar | Seca de 1958, busca por emprego e melhores condições de vida |
Responsável pela obra | Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital) |
Jornada de trabalho | 12 a 16 horas diárias |
Salário | Por hora trabalhada |
Moradia | Galpões coletivos e alojamentos simples |
Documentação | Carteira de trabalho assinada, muitas vezes pela 1ª vez |
Alimentação | Refeitórios da Novacap e cantinas das empreiteiras |
Legado | Construção de Brasília e integração nacional |
Legado e reconhecimento
Porém, hoje, muitos desses operários e seus descendentes vivem em Brasília, especialmente em cidades como Ceilândia, criada para abrigar os migrantes que ajudaram a erguer a nova capital. Assim, o termo “candango”, antes pejorativo, passou a ser símbolo de bravura, resistência e contribuição ao desenvolvimento nacional.
Dia do Trabalho
Portanto, No Dia do Trabalho, é fundamental valorizar essas histórias de sacrifício e coragem. Em resumo, a memória dos candangos mostra que o Brasil foi construído — literalmente — por mãos nordestinas, que enfrentaram a seca, a pobreza e o abandono, mas não perderam a fé em um país melhor.
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