Ontem em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve presente no lançamento do Projeto Sertão Vivo, Semeando Resiliência Climática em Comunidades Rurais no Nordeste.
O projeto é uma parceria entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), da ONU, e vai investir R$ 1,8 bilhão em ações que beneficiarão 439 mil famílias no semiárido nordestino, visando o combate à fome e a adaptação às mudanças climáticas.
No evento, que ocorreu no Palácio do Planalto, foi assinado o contrato de financiamento dos recursos que serão destinados aos nove estados da região, que apresentaram projetos aprovados no edital aberto em julho deste ano.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, ressaltou que o projeto não é apenas social, mas também um campo de pesquisa estratégico diante do cenário de eventos climáticos extremos. Ele citou a parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Ele ressaltou:
“Este foi o ano mais quente da histórica da terra, o mês mais quente, o dia mais quente da história da terra. E 98% da previsão meteorológica [indicam] que os cinco próximos anos serão ainda mais quentes do que este”, afirmou. “A caatinga…o semiárido é uma região que historicamente foi exposta à falta de recursos hídricos, ao sol intenso, a variações de temperatura e ao aquecimento”
“O que estamos buscando com essa experiência? Como que o planeta vai se defender do aquecimento global em áreas que podem viver o cenário que o Nordeste conhece, com tecnologia social, com toda a experiência de utilizar bem a água, de procurar água, de reúso da água, quais são as variedades que a gente tem que produzir para uma alimentação saudável. Não é só um projeto social, é também um imenso campo de pesquisa para um projeto portador de futuro não só no Brasil mas que a FAO vai se inspirar para levar para outras regiões, por exemplo, da África”, explicou o presidente do banco.
A parceria entre BNDES e FIDA vai apoiar projetos nos estados da Região Nordeste que promovam o aumento da resiliência climática da população rural do semiárido brasileiro, incluindo agricultores familiares, assentados da reforma agrária e comunidades tradicionais, como povos indígenas, fundo de pasto e quilombolas.
Os beneficiados receberão capacitação e deverão adotar princípios e práticas que proporcionem acesso à água, aumentem a produtividade e a segurança alimentar de suas famílias, ampliem a resiliência dos sistemas de produção agrícola, restaurem ecossistemas degradados e promovam a redução das emissões de gases do efeito estufa.
LEIA TAMBEM:
– Governo anuncia leilão de rodovias de 5 estados do Nordeste
– Nordeste é a região que mais cresce no Brasil e vai expandir com turismo e energia limpa
– Estado do Nordeste vai explorar petróleo em local desafiador
O Projeto Sertão Vivo é acompanhado pelo Consórcio Nordeste, grupo formado pelos nove governadores da região.
Inicialmente, apenas quatro estados seriam contemplados, mas o BNDES anunciou a ampliação do projeto com recursos próprios. Do total de verbas, os governos estaduais terão financiamento de R$ 1,5 bilhão e R$ 300 milhões são recursos não reembolsáveis (sem a necessidade de devolução).
Agência especializada das Nações Unidas, o FIDA opera com recursos do Green Climate Fund (GCF), braço da ONU que financia com juros baixos a adoção das metas do Acordo de Paris.