A última atualização do Monitor de Secas, referente ao período de junho para julho, mostra um contraste da estiagem nas diferentes regiões do Brasil. Enquanto apenas dois estados registraram alguma melhora, outros 14 viram a situação se agravar, com o Nordeste concentrando alguns dos cenários mais críticos. O Piauí, em especial, assumiu o triste título de unidade da Federação com a condição mais severa de seca em todo o país.
O Monitor, que acompanha continuamente a severidade das secas com base em indicadores de precipitação e impactos de curto e longo prazo, mostra um país que segue lutando contra a escassez de chuvas.
Onde a seca avançou e onde recuou
O mapa de julho revela uma tendência majoritária de piora:
- Piora em 14 estados: Alagoas, Acre, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e São Paulo.
- Estabilidade em 8 unidades: Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia e Tocantins.
- Melhora em apenas 2 estados: Amazonas e Sergipe.
- Livre de seca: Amapá e Mato Grosso seguiram sem registro do fenômeno. Em Roraima, as chuvas acima da média fizeram com que a seca deixasse de ser observada.
O eterno desafio da seca no Nordeste
A região Nordeste apresenta uma realidade diversa, mas majoritariamente alarmante:
- Piauí: O cenário mais crítico do Brasil. É o único estado nordestino com 100% do seu território sob estiagem, condição que persiste desde abril. Em julho, a seca extrema (a segunda pior na escala) voltou a assolar 22% do estado, patamar não visto desde fevereiro de 2019.
- Ceará: A área com seca aumentou drasticamente, saltando de 76% para 89% do território, o maior percentual desde janeiro. Quase metade do estado (35%) sofre com seca moderada.
- Maranhão: Quase a totalidade do estado (96%) está em seca. O dado mais assustador é o salto da seca grave (a terceira pior), que pulou de 28% para 58% do território em um único mês, a condição mais severa desde 2018.
- Bahia: O fenômeno se intensificou com o surgimento de seca extrema em 13% do estado, a pior condição desde junho de 2019. No total, 85% da Bahia segue sob estiagem.
- Pernambuco: Apesar de estável na área total (93%), o estado viu a seca extrema aparecer em 2% de seu território, um marco não alcançado desde dezembro de 2019.
- Paraíba e Rio Grande do Norte: Ambos seguem com quase todo o território afetado (87% e 93%, respectivamente). A Paraíba viu a seca grave aumentar para 54%, enquanto no RN essa mesma categoria subiu para 33%.
- Sergipe: Um Oásis Relativo: Destaque positivo na região, Sergipe não só reduziu levemente a área com estiagem (de 35% para 34%), como também viu a intensidade do fenmeno diminuir. Teve o menor percentual de seca do Nordeste e a melhor condição de severidade.

O que isso significa?
Ao mesmo tempo, os dados do Monitor de Secas não são apenas números em um mapa. Eles refletem impactos reais na agricultura, no abastecimento de água das cidades, na geração de energia e na vida de milhões de brasileiros. A intensificação da seca grave e extrema em estados do Nordeste acende um alerta vermelho para a necessidade de políticas públicas de convivência com o semiárido, gestão hídrica e apoio às populações afetadas.
A situação exige atenção contínua, pois a previsão de chuvas escassas para os próximos meses indica que o quadro pode permanecer crítico.