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La Niña deve impactar o Nordeste até o verão 2025/2026: saiba o que esperar

La Niña caracteriza-se pelo resfriamento das águas superficiais do Pacífico equatorial, o que provoca alterações nos padrões de circulação atmosférica e influencia regimes de chuva e temperatura em diversas regiões do planeta.
Eliseu Lins, da Agência NE9
13 de outubro de 2025 - às 05:46
Atualizado 13 de outubro de 2025 - às 05:46
4 min de leitura

O fenômeno La Niña foi oficialmente confirmado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e outras agências climáticas, devendo se estender até o verão de 2025/2026. Esse cenário já mobiliza previsões e alertas sobre seus efeitos no clima nacional — e, em especial, no Nordeste brasileiro.

O que é La Niña e por que ela é confirmada

La Niña caracteriza-se pelo resfriamento das águas superficiais do Pacífico equatorial, o que provoca alterações nos padrões de circulação atmosférica e influencia regimes de chuva e temperatura em diversas regiões do planeta.

Segundo o INMET, as condições de La Niña começaram a emergir em setembro de 2025, com anomalias de temperatura da superfície do mar entre –0,5 °C e –1,0 °C na região central do Pacífico (índice Niño-3.4), o que caracteriza um evento leve a moderado. I A previsão indica que o fenômeno deve seguir ativo no trimestre outubro-dezembro de 2025 (OND) e manter-se pelo menos até o começo de 2026.

Especialistas apontam também que o episódio tende a ser de intensidade mais fraca comparada a La Niñas anteriores, com possibilidade de transição a condições neutras no primeiro trimestre de 2026.

Efeitos esperados no Nordeste

1. Aumento das chuvas, sobretudo no Centro-Norte e leste da região

Um efeito clássico de La Niña no Brasil é o reforço das precipitações no Norte e no Nordeste. Com isso, o Nordeste pode registrar chuvas acima da média, especialmente nas zonas mais próximas da costa e no subequador climático.

Esse aumento pluviométrico pode colaborar para:

  • Melhores níveis de reservatórios de água em regiões de déficit hídrico;
  • Fortalecimento da agricultura irrigada e de sequeiro, especialmente em estados semiáridos;
  • Redução de estiagens prolongadas que afetam comunidades rurais na caatinga.

2. Risco de eventos extremos e inundações localizadas

Por outro lado, o excesso de chuva também aumenta o risco de enchentes, transbordamentos de rios e deslizamentos em encostas vulneráveis, sobretudo onde há ocupação irregular. Municípios litorâneos e de relevo acidentado devem ficar atentos.

3. Menor probabilidade de seca severa

Durante a vigência de La Niña, a tendência é de menor ocorrência de secas extremas no Nordeste, o que representa alívio para regiões que sofrem historicamente com estiagens prolongadas.

4. Implicações para o clima e temperatura

As temperaturas médias na região podem permanecer dentro ou ligeiramente abaixo da média em alguns períodos, sobretudo nas áreas mais próximas da costa, beneficiadas pela umidade adicional.

Desafios e medidas para mitigação

Para que os impactos positivos sejam aproveitados e os negativos minimizados, algumas ações se tornam essenciais:

  • Monitoramento hidrológico e alertas antecipados para enchentes e deslizamentos;
  • Planejamento urbano e uso do solo que evite ocupações em áreas de risco;
  • Estrutura de drenagem urbana eficiente, especialmente em cidades costeiras;
  • Incentivo à agropecuária adaptada ao clima com técnicas de manejo da água, plantios diversificados e práticas conservacionistas;
  • Integração entre governos municipais, estaduais e federal para ações conjuntas de preparação e resposta.

Além disso, produtores rurais precisam acompanhar boletins agroclimáticos e adaptar seus calendários de plantio conforme as tendências pluviométricas.

Com a confirmação da La Niña e previsão de persistência até o verão 2025/2026, o Nordeste brasileiro pode experimentar um cenário de chuvas acima da média, aliviando déficits hídricos e fortalecendo a agricultura regional. Mas esse cenário também traz riscos hidrológicos e de eventos extremos, exigindo atenção, planejamento e ações preventivas das autoridades e da sociedade.

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Eliseu Lins

Eliseu Lins é baiano de nascimento e paraibano de coração. Jornalista formado na UFPB, tem mais de 20 anos de atuação na imprensa do Nordeste. É pós-graduado em jornalismo cultural e ocupa o cargo de editor-chefe do NE9 desde 2022.