Projeto deseja produzir anualmente 1 bilhão de litros de diesel verde e combustível sustentável de aviação na Bahia.
A Acelen, empresa controlada pelo fundo Mubadala Capital de Abu Dhabi, tem o plano de produzir anualmente 1 bilhão de litros de diesel verde e combustível sustentável de aviação na Bahia. A matéria-prima para esses produtos será o fruto da macaúba, uma palmeira nativa do Brasil, e o investimento estimado para a iniciativa é de R$ 12 bilhões.
Segundo Luiz de Mendonça, CEO da Acelen, a decisão definitiva sobre o investimento deve ocorrer no primeiro semestre do próximo ano. A proposta envolve a construção de uma biorrefinaria na mesma região da refinaria de Mataripe, operada pela Acelen na Bahia. O projeto de engenharia está em fase avançada.
O plano abrange também o cultivo de macaúba em 200 mil hectares de áreas degradadas na Bahia e no norte de Minas Gerais. As atividades seguirão paralelamente, com o desenvolvimento da cadeia da macaúba, incluindo a instalação de um centro de tecnologia agronômica em Montes Claros (MG), juntamente com um banco de sementes e viveiros.
A empresa pretende iniciar a plantação em fazendas-piloto, priorizando o pequeno agricultor. Mendonça destaca a necessidade de fornecer o impulso inicial ao agricultor ao introduzir uma cultura nova em uma região inexplorada.
Simultaneamente, a unidade produtiva na Bahia será construída para converter o óleo de macaúba em combustíveis renováveis. Tanto o diesel verde quanto o SAF (combustível sustentável de aviação) podem substituir equivalentes fósseis sem adaptações nos motores, com apenas 20% da pegada de carbono.
De acordo com o cronograma da empresa, a produção industrial terá início no final de 2026, inicialmente utilizando óleo de soja como insumo. A expectativa é que a produção seja direcionada ao mercado internacional, com a aviação, responsável por cerca de 2% das emissões globais de gases de efeito estufa, sendo um setor desafiador para a descarbonização.
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Apesar de não ter acordos de venda firmados, Mendonça destaca o grande interesse no projeto e a ênfase atual em assegurar a competitividade da matéria-prima. O financiamento do projeto será estruturado com uma combinação de equity e dívida, e a Petrobras já manifestou interesse no projeto.
Em setembro, a Petrobras assinou um memorando de entendimento com o Mubadala visando uma possível participação no projeto. A refinaria de Mataripe pertencia à estatal e foi privatizada em 2019.
“Este memorando está alinhado à nossa visão estratégica, que visa preparar a Petrobras para um futuro mais sustentável e contribuir para o sucesso dos nossos planos de transição energética. Estamos animados para disponibilizar nosso conhecimento técnico em co-processamento e explorar conjuntamente as oportunidades de investimento neste projeto, que, acreditamos, irá diversificar ainda mais o portfólio da Petrobras e contribuir para o nosso objetivo de neutralizar as emissões da companhia até 2050”, afirmou o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
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O desenho financeiro não considera a venda antecipada de créditos de carbono ou possíveis incentivos fiscais do governo, mas esses elementos podem se tornar relevantes à medida que o projeto ganha escala, conforme apontado por Oscar Fahlgren, diretor de investimentos do Mubadala Capital no Brasil. Com a competitividade agrícola do país e a expectativa de crescimento no mercado de combustíveis limpos, Fahlgren sugere que o empreendimento pode passar por quatro fases adicionais do mesmo porte, dada a demanda aparentemente ilimitada por SAF e diesel renovável.