RN tem as melhores condições geográficas e climáticas para produção de energia no mar.
O Governo do Estado discute a instalação de infraestrutura para atrair investimentos e usinas de produção de energias renováveis offshore (no mar) do Rio Grande do Norte. Estudos já realizados apontam o litoral do RN como a área mais viável em todo o país. As condições geográficas e de vento superam outros estados e regiões. Este assunto foi discutido nesta quarta-feira (23) pela governadora Fátima Bezerra com os secretários de estado do desenvolvimento econômico, Jaime Calado, da Infraestrutura, Gustavo Coelho, da Tributação, Carlos Eduardo Xavier e com o professor e pesquisador da UFRN Mario González, que coordena grupo de trabalho naquela instituição.
“Como parlamentar sempre me angustiei com a falta de infraestrutura do RN para que possamos dar um salto no desenvolvimento e na produção econômica em escala. Nosso estado tem fortes ativos como sal, calcário, ferro e gás. Mas ao longo de décadas somos reféns da falta de infraestrutura adequada. O resultado é que perdemos investimentos e competitividade até para vizinhos como Pernambuco e Ceará”, apontou a governadora Fátima Bezerra.
Fátima Bezerra ressaltou ainda, a necessidade de dar continuidade ao trabalho iniciado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec) com a finalidade de criar infraestrutura portuária para o estado. “Essa iniciativa que tomamos agora é de fundamental importância para a economia e para o futuro. No que depender da governadora vamos dar todo incentivo para levar os estudos adiante. E com a participação da UFRN vamos elaborar um estudo de viabilidade consistente e seguro apontando os caminhos para atrairmos investimentos em energia limpa e escoar nossa produção, corrigindo uma lacuna de décadas. Vamos à luta e ao trabalho”, afirmou a chefe do executivo estadual.
A instalação de parques eólicos offshore exige área portuária que possa servir também como área de produção de equipamentos para as torres. Isto é necessário devido à dificuldade de transportar componentes das usinas, como as torres e pás dos aerogeradores que podem medir até 260 metros de comprimento, o que dificulta e onera o transporte por via terrestre. O secretário da Sedec, Jaime Calado, destacou a instalação de um novo porto como “fundamental e estruturante para o RN. Estamos diante de uma nova fronteira econômica para o Rio Grande do Norte com o offshore. Seis estados no Brasil têm potencial. Destes, o RN hoje está em vantagem pelas condições naturais que possui”, ponderou.
O secretário explicou que já há um grupo de trabalho, com participação do Idema, órgão que emite as licenças ambientais, atuando para definir a melhor localização e modelagem para o porto. O titular da Infraestrutura, Gustavo Coelho, reiterou a importância do estado oferecer condições adequadas para instalação de novos empreendimentos que proporcionem o crescimento das atividades econômicas e oportunidade de renda e trabalho.
Especialista e consultor em energia, o senador Jean Paul Prates também participou da reunião, no auditório da Governadoria, e disse que nos próximos 10 anos o RN se apresenta como detentor das melhores condições para empreendimentos offshore do país e do mundo. “Temos condições geográficas e climáticas. Precisamos definir a melhor localidade e a viabilidade do porto ser multiuso”.
O professor Mario Gonzales reforçou a vantagem competitiva do RN: “Em terra nosso vento já é bom, no mar, melhor ainda”. Gonzales vem realizando um amplo trabalho sobre as potencialidades do litoral do estado para a produção de energia offshore.
Mario Gonzales
É doutor em Engenharia de Produção (Inovação de Produtos e Integração de Clientes) pela Universidade Federal de São Carlos (2010). Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2005) e Graduado em Engenharia Industrial pela “Universidad Nacional de Ingenieria – Peru” (2000). Especialista em Gestão da Qualidade Total (2004) e em Gestão da Inovação Tecnológica, na abordagem Open Innovation (2010). Possui experiência no desenvolvimento de projetos de Inovação Tecnológica executados pelo Centro de Caracterização e Desenvolvimento de Materiais da UFSCar junto às empresas ABM, Vale e Volkswagen. Foi presidente do Instituto de Inovação e Gestão de Desenvolvimento de Produtos (IGDP) na gestão 2014-2015. Atualmente, é Professor Associado junto ao DEP e ao PPGEP da UFRN.
INVESTIMENTOS
A empresa chinesa Mingyang demonstrou interesse em investimentos em energia eólica offshore no RN e na instalação de uma fábrica de componentes (inicialmente onshore) no Brasil – a união destes fatores consolidaria a liderança nacional do RN também no mercado offshore. Em reunião com a governadora, o vice-diretor da empresa, Larry Wang, confirmou o interesse na instalação de projeto-piloto de 50 a 100 mw na costa potiguar no próximo ano, e projeto de 2 gw em até 5 anos.