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Exposição ‘Encruzilhada’ coloca em destaque as etnias africanas e o legado da arte afro-brasileira

Repleta de simbologias, a mais nova exposição do Museu de Arte Moderna (MAM-Bahia) – ‘Encruzilhada’, foi aberta ao público na noite desta segunda-feira (18), com vernissage. O evento contou com a presença da secretária de Cultura do Estado, Arany Santana, do diretor geral do MAM-Bahia, Pola Ribeiro, e dos seus curadores Daniel Rangel e Ayrson Heráclito. A mostra, que reúne tradição e diáspora, ficará instalada até agosto, nos espaços da Capela e do Casarão do Solar do Unhão.

A exposição propõe um diálogo entre o acervo moderno e contemporâneo do MAM e a Coleção de Arte Africana Claudio Masella do Solar do Ferrão, que representa 16 etnias da África. As duas instituições integram a estrutura da Secretaria de Cultura do Estado (Secult BA).

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A estreia de ‘Encruzilhada’ consolida a retomada das atividades do MAM, com a reabertura do setor cultural, após o período de restrições pela Covid-19. A mostra homenageia a cultura africana e suas religiões, citando esse local especial para o culto aos orixás. “É uma exposição que traz muitas frentes de discussão, a gente não está querendo fechar nada, concluir nada, a gente está querendo criar essa profusão de diversidade de olhares, para que o visitante saia daqui mais amadurecido e engrandecido mesmo com esse relacionamento com as obras”, afirma o diretor geral do MAM-Bahia, Pola Ribeiro.

Segunda-feira é o dia dedicado a Exú, divindade das religiões de matriz africana, que traz ainda a encruzilhada como símbolo do sagrado, lugar de oferenda ao orixá, que é o mensageiro entre o Orum (Céu) e o Aiê (Terra), a quem deve ser oferecido o primeiro agrado em qualquer ritual do axé.

Estar na estreia da exposição ‘Encruzilhada’ tem um significado especial para Katia Maria Santos, que, além de ekede do Ilê Axé Opô Afonjá, é neta de Mestre Didi, escritor, artista plástico e sacerdote afro-brasileiro, e irmã de Antônio Carlos Santos, seguidor do caminho do avô e é igualmente reverenciado no MAM-Bahia e pela exposição. “Fico bem orgulhosa. Sinto a nossa cultura afro-brasileira sendo reconhecida e vista pelo mundo, para que todos entendam que nós temos só boas energias para trazer. Exú está aí, na vida, no mundo”, celebra Kátia.

As obras de arte estão distribuídas em três espaços, em uma mostra que dialoga muito com o povo baiano. Na Capela, estão reunidas obras de arte produzidas por sacerdotes, pessoas feitas de santo. Lá, estão, por exemplo, duas peças de Mestre Didi. Já no Casarão, temos mais obras de arte contemporâneas, de artistas modernos também, assim como obras no quarto de Exu, que inclui uma escultura de destaque, do artista baiano Jayme Figura.

“É uma relação muito forte, essa exposição estar aqui na Bahia, em Salvador, a capital preta do Brasil, que, com certeza, vai se identificar muito com todo material que encontrar aqui. Vamos aprender muito com os visitantes. Muitos que virão aqui sabem muito mais sobre essas obras, sobre essas tradições do que nós mesmos. A gente espera que essa exposição também desperte a vontade de compartilhar o conhecimento”, declara Daniel Rangel, curador do MAM-Bahia.

Para o artista visual baiano e curador da mostra Ayrson Heráclito, a exposição traz uma diversidade de linguagens, de técnicas e de temáticas. “O próprio nome da exposição já remete aos encontros e aos desencontros, aos caminhos, às convergências e às divergências de tantas poéticas de artistas e de acervos aqui na exposição, em que nós reunimos dois grandes acervos, o afro-brasileiro, moderno e contemporâneo, e o da coleção Claudio Macella, de arte africana. Então, só reunir isso já é propor encruzilhadas, é propor divergências, convergências, reflexões e debates”, pontua.

Programação

A previsão é que “Encruzilhada” fique em exposição até 14 de agosto, e que a frequência de público aumente ainda mais devido aos últimos decretos públicos que flexibilizam o uso de máscaras em áreas abertas e aumentam o número de pessoas em espaços culturais. O MAM-Bahia é um importante ponto turístico, que dispõe ainda de cinema, café, restaurante, livraria, projeto de gastronomia e música, além das atividades educativas e outras ações.

Desde agosto de 2021, reiniciamos algumas atividades, como a exposição Museu de Dona Lina, que durante seis meses, recebeu a visita de setenta mil pessoas, além de cursos híbridos: online e presenciais, mas com restrição de público. Atividades estas que compõem, junto com ‘Encruzilhada’ a comemoração pelos 100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922.

Também está na programação da Galeria 3 do MAM a exposição do Acervo da Laje, que é o um projeto de arte contemporânea do subúrbio de Salvador, doados pelo casal José Eduardo e Vilma Santos que constitui obras de arte de artistas baianos que doaram e que querem preservar a memória do subúrbio, do trem e que tem a intenção de provocar o olhar paro mundo, a partir do subúrbio. Em maio, começam cursos e oficinas com Caetano Dias, Goya Lopes, Ednilson Sacramento, Sandra Rosa, Alejandra Muñoz e Deise Medina, com inscrições abertas pelo site do MAM.

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