Projeto escolar inova em safra de biofilmes com recursos locais e contribui para metas sustentáveis
O Brasil ocupa um dos primeiros lugares no ranking mundial de desperdício de alimentos. De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), cerca de 17% de todos os alimentos disponíveis para consumo acabam sendo descartados entre residências, restaurantes, supermercados e outros serviços alimentares.
Para enfrentar esse problema, uma equipe de estudantes baianos do Colégio Estadual Professor Carlos Valadares criou recentemente um biofilme vegetal inovador, usando ingredientes regionais como amido de milho, batata e mandioca.

O que é o biofilme vegetal e como funciona?
O biofilme é uma película fina, biodegradável, que age como uma embalagem ativa. Conforme explica a jovem cientista Alana Souza, membro do projeto, ele forma uma camada protetora sobre frutas e legumes, retardando a ação de microrganismos e aumentando a duração dos alimentos.
Além disso, segundo o estudante Welington Santos, os três insumos usados — amido de milho, batata e mandioca — contêm amilose e amilopectina, compostos responsáveis por gerar géis firmes, viscosos e com propriedades plastificantes. Ele destaca que tais recursos são sustentáveis, valorizam a produção local e evitam os impactos ambientais associados ao plástico comum.
Fases atuais do estudo e próximos passos
A professora Andrea Bonfim, engenheira de alimentos, informa que o projeto já está em estágio avançado: serão realizados testes práticos aplicando os biofilmes em bandejas e diretamente sobre frutas e legumes. A ideia é avaliar visualmente e sensorialmente a conservação dos alimentos, além de investigar a estabilidade microbiológica frente a fungos e bactérias. O objetivo é demonstrar que o biofilme pode oferecer uma alternativa eficaz ao uso de embalagens plásticas convencionais.
Equipe e apoio institucional
O projeto é desenvolvido por um grupo de alunos orientados pelas professoras Andrea Bonfim e Indira Tainá de Oliveira. Fazem parte da equipe: Alana Souza, Welington Santos, Maria Eduarda, Maria Gabriela, Maria Letícia, Elainy de Jesus e Sara Luane. Além disso, conta com a coordenação do Clube STEAM do colégio, pela professora Charlene de Jesus, e o suporte da Secretaria da Educação (SEC).
Contexto nacional: dados sobre perdas e desperdício de alimentos
- Estima-se que, globalmente, 1,05 bilhão de toneladas de alimentos sejam desperdiçados por ano, sendo que cerca de 60% disso ocorre no ambiente doméstico.
- No Brasil, conforme levantamento, produtos como frutas, hortaliças, tubérculos e laticínios somam quase 45 milhões de toneladas de desperdício por ano.
- Reduzir essas perdas é também uma meta internacional. Dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, a meta 12.3 prevê a diminuição pela metade do desperdício de alimentos per capita até 2030, tanto no varejo quanto no consumo, bem como redução das perdas ao longo das cadeias de produção.
Impactos e significado do projeto
- Ambiental: diminuição do uso de plásticos descartáveis, menor carga de resíduos e menor emissão de gases provocados por decomposição.
- Social: conscientização da comunidade escolar e população sobre consumo sustentável e aproveitamento de recursos locais.
- Econômico: prolongamento da vida útil de alimentos, redução de custos domésticos e possibilidade de aplicação em escala maior.
Com criatividade e base científica, os estudantes do Colégio Professor Carlos Valadares demonstram que a inovação pode surgir de iniciativas locais. Ao propor um biofilme vegetal com ingredientes regionais, eles contribuem para enfrentar desafios globais, como o desperdício de alimentos e a poluição plástica. Afinal, para mudar essa realidade, ações como esta são essenciais para unir educação, sustentabilidade e tecnologia.
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