Nos últimos anos, a produção de mel no Piauí tem avançado significativamente, com a maior parte desse crescimento vindo do trabalho de agricultores familiares. Cerca de 93% da produção de mel é realizada por aproximadamente 10 mil famílias no interior do estado.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Piauí exportou cerca de U$ 31,2 milhões em 2023, o que corresponde a aproximadamente R$ 173 milhões, tornando-se responsável por 36,6% das vendas de mel do Brasil ao exterior.

O Piauí está consolidando-se como o maior exportador do produto no país

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relatou um aumento de 432% na produção de mel no Piauí ao longo de uma década, passando de 1.563 toneladas em 2012 para 8.321 toneladas em 2022. Este crescimento não só fortalece a economia do estado, mas também melhora a qualidade de vida das famílias envolvidas na apicultura. Um exemplo é a família de Luiz Henrique Oliveira, um apicultor de 28 anos de Isaías Coelho, cuja atividade foi passada de geração em geração desde o avô.

Luiz Henrique conta que a apicultura começou com seu avô e foi transmitida para seu pai e tios, envolvendo hoje todos os membros da família. Ele destaca que a apicultura é uma atividade importante que contribuiu significativamente para a renda e o desenvolvimento econômico da família, especialmente na região onde vivem. O mel produzido por sua família, assim como por outras da região, é exportado através de cooperativas, com o apoio da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF), que fornece colmeias, equipamentos de proteção e insumos básicos.

O Piauí se destaca não apenas como o maior exportador de mel, mas também como um dos maiores produtores do Brasil, com mais de 90% de sua produção certificada como orgânica. A SAF tem incentivado a produção orgânica por meio de obras de construção, reforma e ampliação das casas de mel, resultando em uma produção anual de aproximadamente 9 mil toneladas. Francisco das Chagas Ribeiro, o “Chicão”, diretor de Projetos para os Territórios do Semiárido da SAF, ressalta que a apicultura é uma atividade ecológica que preserva a natureza e está em harmonia com as discussões sobre os impactos das mudanças climáticas.

Chicão afirma que a apicultura continuará sendo uma prioridade nos próximos anos, devido à sua capacidade de gerar renda e empregos no campo, além de promover a sustentabilidade ambiental. Ele acredita que a atividade melhora a qualidade de vida tanto no campo quanto na cidade. Novas gerações de jovens agricultores, como Luiz Henrique, estão investindo em melhorias e capacitação para expandir a produção de mel. Luiz Henrique menciona que sua família tem se concentrado em otimizar equipamentos e adotar novas técnicas, o que tem resultado em uma produção mais eficiente e de maior qualidade.

Cenário da Apultura no Nordeste

No Nordeste do Brasil, alguns dos maiores produtores de mel são os estados do Piauí, Ceará, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Essas regiões têm se destacado na produção de mel devido às suas condições climáticas favoráveis e à vegetação rica em plantas que produzem néctar, como a caatinga.

Maiores Produtores de Mel no Nordeste:

1. Piauí: O estado é um dos maiores produtores de mel do Brasil, com uma produção significativa que é exportada para vários países. A cidade de Picos é conhecida como a “Capital do Mel”.
2. Ceará: Outro grande produtor, o Ceará tem investido fortemente na apicultura. Municípios como Limoeiro do Norte e Tabuleiro do Norte se destacam na produção de mel.
3. Bahia: A Bahia também tem uma produção relevante de mel, com destaque para as regiões do semiárido, onde a apicultura tem se mostrado uma atividade sustentável e lucrativa.
4. Pernambuco: O estado tem aumentado sua produção de mel, especialmente nas regiões do Agreste e Sertão, onde a apicultura tem ajudado a complementar a renda de pequenos agricultores.
5. Rio Grande do Norte: Embora menor que os outros estados mencionados, o Rio Grande do Norte tem se desenvolvido na produção de mel, especialmente nas regiões do Seridó e Alto Oeste.

Segmento de Mercado do Mel

O mercado de mel no Brasil tem crescido significativamente, impulsionado tanto pelo aumento do consumo interno quanto pelas exportações. Vários fatores contribuem para esse crescimento:

1. Aumento da Consciência de Saúde: Com a crescente preocupação com a saúde e bem-estar, os consumidores estão cada vez mais inclinados a escolher alimentos naturais e saudáveis, como o mel, que é visto como uma alternativa mais saudável ao açúcar refinado.
2. Exportações: O Brasil exporta uma quantidade significativa de mel, especialmente para países da Europa e Estados Unidos. O mel brasileiro é valorizado por sua qualidade e sabor único, derivado da flora diversificada do país.
3. Produção Sustentável: A apicultura é uma atividade sustentável que contribui para a preservação ambiental, especialmente em regiões de caatinga. Além disso, a criação de abelhas ajuda na polinização de plantas, beneficiando a agricultura local.
4. Diversificação de Produtos: O mercado de mel não se limita apenas ao mel puro. Produtos derivados, como própolis, geleia real, cera de abelha e mel com diferentes aditivos (como gengibre, própolis, entre outros), estão ganhando espaço no mercado.
5. Pequenos Produtores e Cooperativas: No Nordeste, muitos pequenos produtores e cooperativas têm se organizado para aumentar a produção e a qualidade do mel. Essas iniciativas têm contribuído para o desenvolvimento econômico local e para a melhoria da qualidade de vida dos produtores.
6. Certificações e Qualidade: A busca por certificações de qualidade, como o Selo Orgânico, tem aumentado a competitividade do mel brasileiro no mercado internacional. A rastreabilidade e a garantia de um produto livre de contaminações são fatores que agregam valor ao mel produzido.

O mercado de mel no Nordeste do Brasil está em expansão, com potencial para crescimento contínuo à medida que os produtores investem em qualidade e sustentabilidade, e os consumidores valorizam cada vez mais os produtos naturais e saudáveis.