Em uma iniciativa que une história, cultura e gestão pública, a governadora Fátima Bezerra (PT) autorizou a transferência temporária da sede do Governo do Rio Grande do Norte para Mossoró, no Oeste potiguar. A medida, válida de 25 a 27 de setembro de 2025, celebra os 142 anos da abolição da escravidão no município. A princípio, este é um marco que antecipou em cinco anos a Lei Áurea e transformou a cidade em símbolo nacional da luta pela liberdade.
Por que Mossoró? Uma história que precisa ser lembrada
A escolha de Mossoró não é aleatória. Em 30 de setembro de 1883, a cidade se tornou a primeira do Brasil a abolir a escravidão, graças à atuação da Sociedade Libertadora Mossoroense. Diferentemente de outras regiões, a cidade não apenas libertou seus 86 escravos, como criou condições para que seguissem trabalhando de forma remunerada, evitando a marginalização.
Ao mesmo tempo, a transferência anual da capital coincide com a Festa da Liberdade, que celebra também:
- O Motim das Mulheres
- A Resistência ao bando de Lampião
- O 1º Voto Feminino no Brasil
Cronologia da abolição em Mossoró vs. Brasil
Evento | Mossoró | Restante do Brasil |
---|---|---|
Libertação dos escravos | 30 de setembro de 1883 | 13 de maio de 1888 (Lei Áurea) |
Antecedência | 5 anos antes da Lei Áurea | – |
Número de libertos | 86 escravos | ~700 mil escravos |
Inclusão pós-abolição | Estrutura para trabalho remunerado | Marginalização e exclusão |
Feriado municipal | Desde 1913 | 13 de maio (nacional) |
O significado da mudança temporária
Assim, a transferência simbólica da capital é mais do que um gesto protocolares:
- Reafirma o compromisso com a memória histórica potiguar
- Fortalace a identidade cultural do Oeste do estado
- Incentiva o turismo durante a Festa da Liberdade
- Descentraliza simbolicamente o poder estadual
Legado que inspira
Mossoró não apenas antecipou a abolição, mas criou um modelo inclusivo que atraiu até mesmo escravos fugitivos de outras regiões. Essa postura visionária fez da cidade um refúgio de liberdade em pleno século XIX.
Como destacou a publicação no Diário Oficial, a medida “prestigia a história e cultura local”, reforçando que algumas cidades carregam em sua trajetória lições que merecem ser celebradas por toda uma nação.
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