Fim de um imbróglio que se arrastava desde 2013 permitirá a conclusão da obra, que já está com 85% das intervenções concluídas
O Complexo Industrial Portuário de Suape celebra mais uma conquista em 2022, ao anunciar a retomada das obras de dragagem do canal externo do porto, possibilitando a atracação de embarcações de grande porte, como navios petroleiros do tipo Suezmax, e tornando o local ainda mais atrativo para o mercado internacional. A novidade se soma aos recentes anúncios dos últimos dois meses, como a instalação dos terminais de contêineres da APL Terminals (da dinamarquesa Maersk) e de minérios da Planalto Piauí Participações e Empreendimentos (do Grupo Bemisa), que viabilizará a construção da Ferrovia do Sertão, ligando o atracadouro às jazidas de ferro da empresa em Curral Novo (PI), a 713 quilômetros de Suape.
A iniciativa será possível a partir de um acordo com a holandesa Royal Van Oord, que realizará a dragagem dos seis quilômetros do canal principal do atracadouro para aprofundamento de 20 metros em toda sua extensão. Com um custo de aproximadamente R$ 140 milhões, a obra teve o projeto executivo atualizado no início deste ano. As tratativas, iniciadas em outubro de 2021, resultaram num acordo benéfico para ambas as partes, pondo fim a um imbróglio jurídico de quase uma década com a companhia europeia, vencedora do certame, na época. A intervenção, paralisada desde 2013, será executada por meio de um navio-draga de última geração, permitindo a remoção de sedimentos e rochas.
O diretor-presidente do Porto de Suape, Francisco Martins, comenta que a dragagem colocará o atracadouro pernambucano em posição de destaque no cenário portuário mundial, uma vez que o complexo industrial portuário, que tem localização estratégica, reúne um cinturão econômico robusto e consolidará grandes empreendimentos nos próximos anos. “E ainda há a finalização do segundo trem do projeto da Refinaria Abreu e Lima, cuja estimativa é dobrar a movimentação atual de petróleo e derivados, que já faz Suape ser líder nacional em graneis líquidos”, enfatiza
A condição para o fechamento do acordo internacional foi possível com a concordância da empresa em retirar as ações movidas no exterior, enquanto o Estado se comprometeu a quitar o valor histórico com deságio. No total, o montante a ser pago pelo Governo de Pernambuco somava cerca de R$ 782 milhões. Com o acordo extrajudicial, o passivo histórico foi reduzido para R$ 480 milhões, sendo R$ 140 milhões para finalização da obra e R$ 340 milhões para quitação da dívida com a Holanda.
Para resolver o problema, o governador Paulo Câmara autorizou o aporte de capital do Estado no valor de R$ 380 milhões para Suape, possibilitando que o porto pudesse fazer a operação com recursos próprios.
SOBRE A OBRA
A obra de dragagem foi interrompida em maio de 2013, quando o então governador Eduardo Campos não chegou a um acordo com o governo federal da época. Apesar da paralisação do contrato, a dragagem já estava com 85% das obras realizadas. Agora, a empresa holandesa terá cinco meses para finalizar os 15% restantes, justamente a parte mais complicada: os esbarros de pedra no leito do mar. “A empresa vai trazer tecnologia nova, que não existia na época, e executará a obra por conta e risco deles”, explica Nilson Monteiro, diretor de Gestão Portuária de Suape. A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) já emitiu a licença ambiental para realização dos trabalhos e agora a estatal aguarda apenas a licença da Capitania dos Portos de Pernambuco para iniciar as obras.