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Descubra a universidade que terá a IA mais poderosa do Nordeste

A UFCG terá um Centro de Transformação Digital que abrigará o supercomputador mais potente de toda a região Nordeste.
Eliseu Lins, da Agência NE9
25 de agosto de 2025 - às 08:58
Atualizado 25 de agosto de 2025 - às 08:58
4 min de leitura

Imagine um cérebro digital capaz de processar informações em uma escala quase inimaginável, impulsionando descobertas científicas e inovações tecnológicas que vão transformar setores inteiros da economia. Esse cenário saiu da ficção científica e se tornará realidade ainda este ano, e bem aqui no Nordeste. A Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) está prestes a inaugurar, em dezembro de 2025, um Centro de Transformação Digital que abrigará o supercomputador mais potente de toda a região Nordeste.

Um centro de excelência em Campina Grande

O projeto, batizado de Centro de Transformação Digital Multissetorial e Multiusuário (CTDMM), é dedicado à Computação de Alto Desempenho (HPC) e à Inteligência Artificial (IA). A princípio, seu objetivo é ambicioso: posicionar a UFCG não apenas como uma referência acadêmica, mas como um polo nacional de excelência em Engenharia Elétrica e Ciência da Computação. Dessa forma, atraindo cérebros e investimentos para o interior paraibano.

O Coração da Máquina: Potência Bruta de Dados

O que faz deste projeto algo verdadeiramente revolucionário são os números que o equipamento traz consigo. A máquina será a primeira no Brasil com GPUs NVIDIA B200 com refrigeração líquida, uma tecnologia de ponta que garante eficiência máxima. Confira algumas das especificações que deixam qualquer entusiasta de tecnologia de queixo caído:

  • 16 GPUs NVIDIA B200 com performance total de 288 PetaFlops em operações de IA.
  • 2,8 TB de memória dedicada exclusivamente às GPUs.
  • CPUs AMD Turin com mais de 1.000 núcleos físicos de processamento e 3 TB de RAM.
  • Armazenamento híbrido de altíssimo desempenho com capacidade de até 1,3 PetaByte (equivalente a cerca de 1,3 milhão de gigabytes).

Para que toda essa potência na universidade?


Todo esse poder de fogo computacional não será usado apenas para pesquisa teórica. Ele será a base para avanços em áreas críticas para o desenvolvimento do país, incluindo:

  • Desenvolvimento de modelos complexos de Inteligência Artificial.
  • Modelagem matemática avançada e simulações de sistemas físicos e industriais.
  • Pesquisas em Internet das Coisas (IoT) e Segurança Cibernética.
  • Simulações em Computação Quântica.
  • Soluções para setores como energia, telecomunicações, indústria, saúde, petróleo e gás, e química.

Um projeto vencedor com impacto nacional

Antes de mais nada, a conquista é fruto de uma dura seleção nacional. Das 238 propostas submetidas à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a da UFCG foi uma das 36 aprovadas em um edital focado em infraestrutura para áreas estratégicas como transformação digital e transição energética. O investimento é de aproximadamente R$ 15 milhões.

Liderado pelos professores George Lira (Engenharia Elétrica) e Leandro Balby (Sistemas e Computação), o projeto é multidisciplinar por natureza. “Os setores atendidos incluem energia, telecomunicações, indústria, saúde, petróleo e gás, química e novos materiais, promovendo inovação com impacto social, econômico e ambiental”, destacou o professor Balby.

O supercomputador está a caminho, vindo dos Estados Unidos, e será instalado no Centro de Engenharia Elétrica e Informática (CEEI) da universidade. Contudo, o edifício Telmo Araújo passa por reformas específicas para receber a ferramenta, incluindo a instalação de uma nova infraestrutura elétrica, de dados e um sistema exclusivo de refrigeração líquida essencial para manter o equipamento funcionando.

Assim, a instalação deste supercomputador na UFCG é mais do que uma aquisição de equipamento; é uma declaração de intento. Ao mesmo tempo, ele coloca o Nordeste no mapa global da computação de alto desempenho. Desse modo, oferece a pesquisadores e indústrias uma ferramenta capaz de acelerar descobertas e criar soluções para os desafios mais complexos do nosso tempo. Campina Grande, já reconhecida como um dos “Vales do Silício” brasileiros, está pronta para escrever um novo e emocionante capítulo na história da tecnologia nacional.

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Eliseu Lins

Eliseu Lins é baiano de nascimento e paraibano de coração. Jornalista formado na UFPB, tem mais de 20 anos de atuação na imprensa do Nordeste. É pós-graduado em jornalismo cultural e ocupa o cargo de editor-chefe do NE9 desde 2022.