Uma descoberta arqueológica recente em Salvador, Bahia, pode reescrever capítulos importantes da história do Brasil. Pesquisadores localizaram um cemitério onde, possivelmente, foram enterrados líderes da Revolução Pernambucana (1817), da Revolta dos Búzios (1798) e da Revolta dos Malês (1835), além de outras personalidades históricas e vítimas da escravidão.
O local, situado no bairro de Nazaré, na região da Pupileira, está sob um estacionamento pertencente à Santa Casa de Misericórdia.
A descoberta é da pesquisadora e doutoranda Silvana Olivieri, do programa de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Com base em mapas e documentos históricos do século XVIII, ela identificou a localização exata do cemitério.
Isso pode ser a chave para entender melhor a resistência negra e os movimentos separatistas do Nordeste no século XIX.
A Importância da Descoberta
Essa é a mais importante descoberta da arqueologia baiana dos últimos anos. O local não só é um registro histórico valioso, mas também um espaço de reparação e memória para as populações tiveram sepultamento ali.
Agora, o próximo passo é a escavação do local para encontrar vestígios materiais, como ossadas e artefatos, que comprovem a existência do cemitério. No entanto, isso depende da autorização da Santa Casa, que deve decidir sobre a permissão para escavação a partir do dia 24 de fevereiro.
Silvana Olivieri explica que a pesquisa busca não apenas comprovar a existência do cemitério. Mas também dar voz às populações que passaram por um apagamento da história oficial. “Agora que já sabemos a localização do cemitério, a pesquisa arqueológica é justamente para encontrar a materialidade desse espaço e reinserir essas pessoas na história”, afirma.
Qual a importância dos movimentos separatistas no Nordeste?
Revolta | Revolução Pernambucana (1817) | Revolta dos Búzios (1798) | Revolta dos Malês (1835) |
---|---|---|---|
Local | Pernambuco | Salvador, Bahia | Salvador, Bahia |
Período | 6 de março a 19 de maio de 1817 | Agosto de 1798 | Janeiro de 1835 |
Participantes | Elite local, clero, militares e populares | Escravizados, libertos, intelectuais e setores populares | Escravizados muçulmanos (malês) |
Causas Principais | Insatisfação com os altos impostos, influência das ideias iluministas e independência do Brasil | Desigualdade social, influência da Revolução Francesa e busca por liberdade e igualdade | Opressão religiosa e social contra os muçulmanos escravizados |
Objetivos | Independência de Pernambuco, fim da dominação portuguesa e criação de uma república | Fim da escravidão, igualdade racial e independência do Brasil | Liberdade religiosa, fim da escravidão e melhores condições de vida |
Desfecho | Reprimida pelas tropas portuguesas; líderes foram presos ou executados | Denunciada antes de acontecer; líderes foram presos e executados | Reprimida pelas forças governamentais; participantes foram presos, mortos ou deportados |
Legado | Inspirou movimentos separatistas e a luta pela independência do Brasil | Simboliza a luta por igualdade racial e social no Brasil | Representa a resistência cultural e religiosa dos escravizados muçulmanos |
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Essas revoltas foram importantes movimentos de resistência que refletiam as tensões sociais, políticas e econômicas do período colonial e pós-colonial no Brasil. Cada uma delas deixou um legado significativo na história do país, destacando a luta por liberdade, igualdade e justiça.
Marco da arqueologia
A descoberta desse cemitério histórico em Salvador é um marco para a arqueologia e a historiografia brasileiras. Além de revelar detalhes sobre os movimentos revolucionários e a resistência negra no país, o local pode se tornar um espaço de memória e reparação para as gerações atuais e futuras.
Agora, a espera é pela decisão da Santa Casa, que pode permitir o início das escavações e, assim, trazer à luz uma parte essencial da nossa história. Fique de olho nas atualizações sobre essa pesquisa que promete transformar nosso entendimento sobre o passado do Brasil.
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