Em 2025, o Brasil celebra quatro décadas de um dos movimentos musicais mais vibrantes e autênticos da sua história: o Axé Music. Nascido na Bahia, esse ritmo contagiante conquistou o país e o mundo, levando a energia do Carnaval de Salvador para além das fronteiras do estado.
Como tudo começou?
O Axé Music surgiu oficialmente em 1985, em meio à efervescência cultural e musical de Salvador. O termo “Axé” tem origem na saudação religiosa do candomblé e da umbanda, significando “energia positiva”, e reflete perfeitamente o espírito desse gênero musical.
A mistura de ritmos afro-brasileiros, samba-reggae, frevo, ijexá e influências do pop resultou em um som único e dançante. O Axé não é apenas música; é um movimento cultural que trouxe consigo uma estética própria, marcada por cores, coreografias animadas e muita alegria.
Os pioneiros e o sucesso nacional
Luiz Caldas é considerado o “Pai do Axé Music”. Em 1985, seu hit “Fricote” (ou “Nega do Cabelo Duro”) estourou nas rádios e abriu caminho para uma nova era na música brasileira.
Nos anos seguintes, artistas e bandas como Ivete Sangalo, Chiclete com Banana, Banda Eva, Netinho, É o Tchan, Araketu e Bell Marques ajudaram a consolidar o Axé no cenário nacional. Sucessos como “Eva”, “Arerê”, “Milla” e “Segura o Tchan” marcaram gerações e se tornaram trilha sonora de carnavais e festas por todo o país.
Daniela Mercury: A rainha do Axé Music
Daniela Mercury é, sem dúvidas, um dos maiores nomes da Axé Music. Com uma carreira marcada pela energia contagiante e pela autenticidade, a artista baiana ajudou a levar o ritmo nascido em Salvador para o cenário nacional e internacional.
Desde o lançamento de seu icônico álbum “O Canto da Cidade”, em 1992, Daniela se destacou como uma das principais vozes do movimento, misturando ritmos afro-brasileiros, samba-reggae e muita baianidade. Sucessos como “O Canto da Cidade”, “Swing da Cor” e “Rapunzel” embalaram carnavais e festas em todo o Brasil.
Além de sua trajetória musical, Daniela Mercury sempre utilizou sua visibilidade para promover causas sociais, culturais e de direitos humanos, reforçando o papel transformador da arte. Sua performance no Carnaval de Salvador, comandando trios elétricos e arrastando multidões, se tornou uma tradição e um símbolo da cultura baiana.
A “Rainha do Axé”, como é carinhosamente chamada, segue inspirando novas gerações de artistas e mostrando que o Axé Music continua mais vivo do que nunca. Sua importância para o gênero vai além das canções: Daniela ajudou a construir a identidade do Axé e a eternizar a alegria e a energia da Bahia no coração do mundo.
É o Tchan: O último grande fenômeno da Axé Music
O grupo É o Tchan marcou uma era e se consagrou como o último grande fenômeno da Axé Music, levando o ritmo baiano a um patamar de sucesso sem precedentes na década de 1990. Com suas músicas contagiantes, coreografias icônicas e o carisma de seus integrantes, o grupo conquistou o Brasil e se tornou referência cultural.
Com hits como “Segura o Tchan”, “Dança do Bumbum”, “Na Boquinha da Garrafa” e “Ralando o Tchan”, o É o Tchan trouxe uma fórmula única: músicas alegres e dançantes, sempre acompanhadas de coreografias que viraram febre nacional. As dançarinas e dançarinos do grupo, como Carla Perez, Sheila Carvalho, Sheila Mello, Jacaré e outros, tornaram-se verdadeiras estrelas e ajudaram a consolidar o sucesso do grupo.
Além das paradas musicais, o É o Tchan dominou a mídia, sendo presença constante em programas de televisão e vendendo milhões de discos. Seu impacto foi tão forte que suas músicas e danças se tornaram parte do cotidiano, de festas de aniversário a coreografias em academias de ginástica.
Embora o auge da Axé Music tenha passado, o legado do É o Tchan permanece vivo. O grupo continua realizando shows e mantém o público fiel, que relembra com carinho uma época em que o Axé dominava o cenário musical brasileiro. Sem dúvidas, o É o Tchan foi um dos responsáveis por eternizar o Axé Music e deixar um legado de alegria e descontração.
O Carnaval de Salvador: O Palco do Axé
Impossível falar de Axé sem mencionar o Carnaval de Salvador, um dos maiores do mundo. Os trios elétricos, invenção de Dodô e Osmar, foram fundamentais para a popularização do ritmo.
A experiência única de seguir um trio elétrico, pulando e dançando pelas ruas da cidade, transformou o Axé em sinônimo de folia. Blocos icônicos como o Crocodilo, Camaleão, Coruja e Galo da Madrugada ajudaram a imortalizar o gênero.
O Legado Cultural
Ao longo de 40 anos, o Axé Music se reinventou. Artistas buscaram novas influências, integraram diferentes estilos e colaboraram com músicos de outros gêneros. Essa versatilidade permitiu que o Axé permanecesse relevante e continuasse conquistando novos públicos.
Mas o Axé vai além da música. Ele tem um papel social importante, levando a cultura baiana para o mundo e movimentando o turismo e a economia local. Salvador, através do Axé, tornou-se um destino desejado, especialmente durante o Carnaval.
Comemorações e Homenagens
Para celebrar esses 40 anos, Salvador prepara uma série de eventos especiais. Shows comemorativos, exposições e festivais estão programados para relembrar os grandes sucessos e celebrar os artistas que fizeram do Axé um patrimônio cultural do Brasil.
Ivete Sangalo, que é hoje um dos maiores nomes do Axé, promete um espetáculo à altura da celebração. Além dela, muitos artistas veteranos e novos talentos devem se reunir para homenagear o gênero.
Assista ao Documentário da TV Bahia sobre os 40 anos de Axé
O futuro do Axé
Se o passado do Axé é repleto de glórias, o futuro promete manter essa chama acesa. Novos artistas, como Lincoln & Duas Medidas, La Fúria e Léo Santana, seguem levando o Axé para novos caminhos e mostrando que a energia e a alegria desse ritmo ainda têm muito a oferecer.
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