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Conheça um inventor nordestino que criou uma moto movida a água

Imagine abastecer sua moto não no posto de gasolina, mas na torneira de casa. Parece cenário de filme de ficção científica? Para um inventor nordestino, isso se tornou realidade
Redação, da Agência NE9
1 de setembro de 2025 - às 08:36
Atualizado 1 de setembro de 2025 - às 08:36
4 min de leitura

Imagine abastecer sua moto não no posto de gasolina, mas na torneira de casa. Parece cenário de filme de ficção científica? Para um inventor autodidata do interior da Paraíba, isso se tornou realidade. Esta é a história de Sandro Alves de Oliveira, o gênio por trás de uma das invenções mais curiosas e comentadas dos últimos anos: uma motocicleta que funciona com água.

Morador de Alagoa Nova, uma cidade pacata no agreste paraibano, Sandro é a personificação da inventividade popular brasileira. Longe dos laboratórios de grandes universidades e sem patrocínios milionários, ele usou seu conhecimento empírico e uma dose gigante de perseverança para criar algo que desafiava o convencional.

Como funciona a moto movida a água?

O segredo não está em simplesmente colocar água no tanque e sair rodando. A engenhoca de Sandro é, na verdade, movida a hidrogênio. O sistema desenvolvido por ele utiliza um reator acoplado à moto onde uma mistura de água, soda cáustica (hidróxido de sódio) e alumínio ocorre.

Essa combinação provoca uma reação química que libera gás hidrogênio (H₂). Este gás é então canalizado para o motor de combustão da motocicleta, onde é queimado, gerando a energia necessária para movimentar o veículo. É um processo inteligente que transforma um elemento abundante e barato – a água – em um combustível limpo e potente.

O momento de fama nacional

A princípio, a invenção de Sandro ficou guardada em sua comunidade até meados de 2018, quando o Brasil parou. A Greve dos Caminhoneiros deixou o país sem combustível, gerando desespero, filas intermináveis nos postos e uma crise generalizada. Foi nesse cenário de escassez que a história do paraibano e sua moto movida a água ganhou os holofotes da mídia nacional.

Vídeos demonstrando o protótipo se tornaram virais. Sandro aparecia, orgulhoso, explicando seu funcionamento e afirmando que com apenas um litro de água, sua criação poderia percorrer distâncias impressionantes. A imagem da moto “funcionando com água” era um raio de esperança e uma prova incontestável de que a criatividade pode florecer mesmo nas condições mais adversas.

E aí, por que não vemos essas motos por aí?

É importante temperar o entusiasmo com a realidade. A invenção de Sandro é um feito notável de engenhosidade, mas sua viabilidade técnica e econômica em larga escala nunca teve comprovação. Ao mesmo tempo, o projeto nunca foi patenteado ou submetido a testes científicos rigorosos que comprovassem sua eficiência, durabilidade e segurança a longo prazo.

Além disso, a produção de hidrogênio através da reação com alumínio consome esse metal, que precisa ser reposto, e lida com a soda cáustica, um material corrosivo que exige manuseio cuidadoso.

O Legado da Invenção

Mais do que uma possível revolução no setor de combustíveis, o grande legado de Sandro Alves de Oliveira é simbólico. Sua história é um testemunho do poder da inovação popular. Ele representa milhares de brasileiros anônimos que, com poucos recursos e muito talento, encontram soluções criativas para os problemas do dia a dia.

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Sandro Alves, inventor da moto movida a água

Longe do frenesi midiático de 2018, informações indicam que Sandro continua em sua querida Alagoa Nova, trabalhando silenciosamente em seus projetos. Sua moto movida a água pode não ter se tornado um produto comercial, mas permanece como um marco de resistência, inteligência e a crença inabalável de que sempre há um outro caminho – ou, nesse caso, outro combustível.

Ele não precisou de uma fábrica ou de um doutorado para chacoalhar nossas certezas. Precisou apenas de uma ideia, algumas ferramentas e um pouco de água.

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