Com o programa Cultivando Cidadania, a Prefeitura de Aracaju promove segurança alimentar para famílias em situação de vulnerabilidade a partir da implantação de hortas comunitárias. O programa possibilita geração de renda e o senso de comunhão nas localidades em que está inserido.
Desde 2017, o Cultivando Cidadania é desenvolvido pela Gerência de Segurança Alimentar e Nutricional (GSAN) da Secretaria Municipal da Assistência Social, e envolve um trabalho realizado por moradores da capital vinculados aos Centros de Referência da Assistência Social (Cras) e inseridos no CadÚnico.
Com o objetivo de estimular o trabalho na horta e o autoconsumo de produtos orgânicos, o programa leva em consideração a sustentabilidade e o cuidado com o meio ambiente. De acordo com a agrônoma e coordenadora do Cultivando Cidadania, Tâmara Oliveira, a iniciativa proporciona também melhor convivência entre os moradores da comunidade.
“O Cultivando Cidadania promove o consumo próprio de hortaliças de qualidade, assim como permite incremento de renda, com a venda nas feiras. Além disso, há a troca, a convivência com outras pessoas, com a comunidade. É também uma forma de produzir sustentável, mais ecológica”, explica.
É a partir do programa que diversas famílias em vulnerabilidade social têm acesso a alimentação balanceada e saudável, inclusive com acompanhamento de um nutricionista. Os participantes contam também com a presença de agrônomos que acompanham todo o processo de plantio e cultivo dos produtos e orientam sobre cuidados com o solo, iniciativas de irrigação e uso de adubos e substâncias orgânicas de combate às pragas.
Desta forma, as famílias aprendem, na prática, técnicas de plantio, colheita e venda de produtos sem agrotóxicos. Após a colheita, os participantes possuem autonomia para usufruir dos alimentos plantados, seja para consumo próprio ou para geração de renda, por meio da venda em feiras livres, como na “Feirinha Agroecológica” que acontece a cada 15 dias na sede da Prefeitura de Aracaju.
Participação Comunitária
Na Unidade Básica de Saúde Irmã Caridade, na comunidade Aloque, umas das unidades integradas ao projeto, a aposentada Heloísa dos Santos mostra a horta cuidada por ela no programa. Produtos como coentro, morango, gengibre, banana, mamão e pitanga fazem parte da horta cultivada pela aposentada, que relata visitar a horta diariamente, em busca de conexão com a terra e com as pessoas da comunidade, uma espécie de refúgio.
“Para mim é também uma questão de superação, porque eu tive uma perda, assassinaram um filho meu, e aqui foi meu refúgio, onde eu tive paz, consolo. Como? Conversando com as plantas, ora chorando, ora sorrindo. Há dias em que eu chego às cinco horas da manhã, volto às nove para casa, cuido das minhas coisas, às duas da tarde eu volto e só saio às cinco horas. Tanto uso o que planto aqui pro meu próprio consumo quanto vendo na feirinha. Enquanto tiver forças vou continuar, porque me faz muito bem”, garante a aposentada que trabalhou durante 30 anos na UBS do localidade.
Os produtos cultivados por dona Heloísa, assim como por outros participantes do projeto, têm impactado positivamente a comunidade Aloque, tanto para quem vende, quanto para quem compra e consome da horta comunitária, gerando empoderamento e dignidade para um número amplo de pessoas. A dona de casa Josenilda Feliciano, há 38 anos moradora do Aloque, relata os benefícios do programa para a comunidade.
“São produtos de qualidade, que fazem bem à saúde, porque não têm agrotóxicos. Além disso, as pessoas que cuidam são maravilhosas. Essa horta traz muitos benefícios para a gente que consome e para quem cuida, porque é um tipo de terapia. Tem hortaliças, plantas medicinais para fazer chá, oferece tudo de bom à comunidade”, diz.
Para Michele Viana dos Santos, que mora na mesma comunidade há 14 anos e faz questão de adquirir os produtos com os agricultores locais, a presença da horta proporciona comodidade e é motivo de orgulho para os moradores. “Beneficia muitas pessoas, nos dá orgulho demais. Antes não havia nada, agora temos uma horta dessas, sendo cultivada com amor todos os dias. Toda semana eu venho aqui, porque o preço vale a pena demais e não preciso me deslocar para distante de casa”, conta.
Unidades
O programa abrange sete hortas comunitárias, localizadas em equipamentos da gestão municipal e estadual, e que estão situadas em diferentes regiões de Aracaju. Além da UBS Irmã Caridade, na comunidade do Aloque, a horta comunitária do Cultivando Cidadania pode ser encontrada na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Presidente Tancredo Neves, no bairro Ponto Novo; na Emef Jornalista Orlando Dantas, no bairro Olaria; na Escola Estadual 11 de Agosto, no Getúlio Vargas; na unidade da Fundat localizada no Jardim Esperança; no Cras Maria José Menezes Santos, no Coqueiral; na Casa Lar Nalde Barbosa, na Farolândia; e na Unidade Básica de Saúde (UBS) Irmã Caridade, na comunidade Aloque.
Para fazer parte do Cultivando Cidadania basta se dirigir ao Cras de referência ou entrar em contato por meio do número de telefone (79) 4009-7862, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h30 e das 14h30 as 17h, exceto finais de semana e feriados.