Fortaleza se tornou, nesta semana, a capital brasileira da sustentabilidade. Isto por conta da realização da COP Nordeste. Ao mesmo tempo, o evento contou com governadores e representantes dos nove estados da região que apresentaram um projeto audacioso: o Plano Brasil Nordeste de Transformação Ecológica.
Mais do que um documento, o plano é um manifesto concreto que posiciona o Nordeste não como um problema, mas como a solução brasileira para o desenvolvimento sustentável. A princípio, o evento serve como preparação para a COP30 em Belém. Assim, contou com a assinatura de um importante acordo com a ONU e o anúncio de uma chamada pública bilionária que superou todas as expectativas.
Nordeste unido por uma agenda sustentável
A Mesa Institucional de Governadores foi um show de unidade e propósito. Liderados pelo presidente do Consórcio Nordeste, Rafael Fonteles (PI), estiveram presentes os governadores Elmano de Freitas (CE), Jerônimo Rodrigues (BA) e Fátima Bezerra (RN), além de vice-governadores e presidentes de bancos públicos.
A governadora Fátima Bezerra resumiu o sentimento: “O Nordeste se apresenta, para o Brasil e para o mundo, não como um problema, mas como uma solução para esse mundo sustentável”. Já o governador Elmano de Freitas destacou o compromisso com a unidade regional: “Entendemos que temos unidade no Nordeste para o novo desenvolvimento da nossa região, que envolve transição energética com justiça social”.
O “Chamada Nordeste”: uma nova estratégia de investimentos
Um dos pontos altos do evento foi o lançamento dos resultados do “Chamada Nordeste”, uma chamada pública para fomentar a industrialização verde na região. O resultado foi espetacular e prova o potencial econômico do Nordeste:
- Expectativa inicial: R$ 10 bilhões em projetos.
- Demanda real captada: R$ 127,85 bilhões em projetos inscritos.
- Projetos por área: 91 em energias renováveis, 57 na área automotiva, 53 em Hidrogênio Verde (H2V), 52 em data center verde e 52 em bioeconomia.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, que participou virtualmente, classificou o resultado como “extraordinário” e reafirmou o compromisso das instituições financeiras (BNDES, Finep, BB, BNB e Caixa) em viabilizar os investimentos para esta transformação ecológica.

Onde os R$ 127,85 bi do “Chamada Nordeste” serão investidos
Área Estratégica | Foco Principal | Nº de Projetos | Destaque |
---|---|---|---|
Energias Renováveis | Armazenamento de energia | 91 | Consolidar a liderança em eólica e solar |
Hidrogênio Verde (H2V) | Descarbonização industrial | 53 | Ceará na vanguarda da produção na AL |
Bioeconomia | Fármacos e bioprodutos | 52 | Valorizar a biodiversidade única (Caatinga) |
Data Center Verde | TI sustentável | 52 | Atrair empresas com energia limpa e barata |
Industrial Automotiva | Máquinas agrícolas e veículos | 57 | Modernizar o setor com foco em sustentabilidade |
Os pilares do Plano de Transformação Ecológica
O plano é uma versão nordestina e territorializada da estratégia federal, construída a muitas mãos. Ele é guiado por dez diretrizes que vão desde a transição energética justa e a neoindustrialização sustentável até a segurança hídrica, a preservação da Caatinga e o fortalecimento da educação e da ciência verde.
Desse modo, o objetivo é claro: transformar a necessidade global de descarbonização em uma oportunidade única de desenvolvimento socioeconômico para a região.
Acordo com a ONU e o protagonismo global
Para dar ainda mais solidez ao compromisso, os governadores assinaram um Acordo de Cooperação Técnica com a ONU (UNCCD – Convenção de Combate à Desertificação). O acordo prevê:
- Realização de estudos para o desenvolvimento sustentável das terras secas.
- Troca de experiências e boas práticas para convivência com o semiárido.
- Promoção de projetos conjuntos de manejo sustentável do solo e da água.
Esse acordo coloca o Nordeste no mapa global das discussões sobre como viver e prosperar em regiões semiáridas, tornando a região uma referência internacional no assunto.