O Brasil terá, na temporada 2025/2026, 60 praias e marinas certificadas com o selo Bandeira Azul, um dos mais respeitados prêmios de qualidade ambiental (e sustentabilidade) do mundo. Com isso, o país se mantém como líder na América do Sul no número de locais premiados.
A princípio, foram aprovadas 50 praias durante reunião internacional em Copenhague, Dinamarca — sede da organização Foundation for Environmental Education (FEE), responsável pelo selo.
O ministro do Turismo, Celso Sabino, ressaltou o significado da ampliação: “Ampliar o número de locais premiados com o selo Bandeira Azul reforça a retomada do compromisso do Brasil com a agenda ambiental e o protagonismo do nosso país no cenário internacional.”
O que é o selo Bandeira Azul?
O selo Bandeira Azul é uma certificação internacional voluntária, concedida a praias, marinas e embarcações de turismo que atendem a critérios rigorosos de sustentabilidade, segurança, qualidade da água e gestão ambiental.
Critérios de avaliação
Para conquistar e manter o selo, os locais devem cumprir — e comprovar anualmente — uma série de 38 requisitos (no Brasil) que envolvem diferentes dimensões:
- Qualidade da água: a praia deve apresentar excelente balneabilidade, com análises periódicas de parâmetros microbiológicos (Ex: Escherichia coli, enterococos) e físico-químicos. B
- Gestão ambiental: controle de lixo, zoneamento, drenagem, disposição de resíduos, preservação da vegetação e ecossistemas associados.
- Educação e informação ambiental: placas informativas, atividades educativas para banhistas, participação comunitária, divulgação de dados.
- Segurança e serviços: presença de salva-vidas, primeiros socorros, sinalização, acessibilidade, infraestrutura de apoio (banheiros, acessos, estacionamento)
- Processo contínuo e histórico: os locais devem apresentar histórico de cumprimento dos critérios (normalmente dos últimos anos)
A cada temporada, os candidatos devem comprovar que mantêm essas condições para que possam reinvindicar ou renovar a certificação. Se um local falhar em cumprir critérios imperativos, pode perder o selo.
Conheça as Praias do Nordeste com Bandeira Azul 2025/2026

Na temporada 2025/2026, seis localidades costeiras do Nordeste obtiveram a certificação Bandeira Azul: uma em Alagoas e cinco na Bahia.
A seguir, a lista e os destaques de cada praia:
Praia | Município / Local | Estado | Destaques que justificam a certificação / características locais |
---|---|---|---|
Praia do Patacho | Porto de Pedras | AL | É a praia alagoana contemplada — marcada por mar de águas claras, coqueiros, ambiente preservado e tranquilidade. |
Praia do Paraíso – Guarajuba | Camaçari | BA | Localizada no litoral norte da Bahia, próxima a Salvador, com estrutura de apoio, fácil acesso e envolvimento comunitário em ações ambientais. |
Praia da Espera – Itacimirim | Camaçari | BA | Área de praia relativamente menos urbana, potencial para manter qualidade de água e prática de educação ambiental com apoio local. (Menos divulgada em mídia, mas consta na lista oficial) |
Praia da Viração | Ilha dos Frades, Salvador | BA | Praia costeira da ilha, com águas protegidas, menor impacto de tráfego urbano, favorecendo a manutenção da balneabilidade e ambiente preservado. |
Ponta de Nossa Senhora de Guadalupe | Ilha dos Frades, Salvador | BA | Famosa por sua beleza natural, águas calmas, e presença de vegetação local. Já foi candidata/disputada em temporadas anteriores. |
É importante ressaltar que essas praias foram aprovadas em função do cumprimento dos critérios ambientais exigidos, o que indica que nelas são realizadas práticas como monitoramento constante da água, envolvimento da comunidade local em ações ambientais, infraestrutura mínima para banhistas e suporte de segurança.
Motivos e implicações das certificações
1. Credibilidade e atração turística
Uma praia com Bandeira Azul transmite confiança ao turista, pois é sinal de que o local possui controle da qualidade da água, segurança, cuidado ambiental e atendimento adequado — fatores que agregam valor ao destino costeiro.
2. Mobilização local e institucional
Alcançar a certificação exige articulação entre prefeitura, órgãos ambientais, comunidade local, empreendimentos turísticos e instituições de monitoramento. Esse processo fortalece a governança local e sensibiliza a população para o cuidado com o ambiente costeiro.
3. Preservação ambiental
Com critérios que impõem controle de resíduos, drenagem adequada, vedação à poluição e ações educativas, o programa incentiva a conservação dos ecossistemas litorâneos (restingas, manguezais, recifes etc.).
4. Sustentabilidade a longo prazo
O selo não é permanente — ele precisa ser renovado anualmente — o que estimula manutenção contínua das boas práticas e atenção constante a ameaças como descarte irregular, ocupação desordenada ou poluição urbana.
5. Impacto econômico local
Com atrativos mais valorizados, as comunidades podem obter benefícios econômicos: maior fluxo turístico, valorização imobiliária sustentável, geração de emprego no segmento de serviços turísticos e desenvolvimento local alinhado ao meio ambiente.
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Panorama nacional e desafios futuros
Santa Catarina lidera o número de locais certificados nesta temporada, com 31 destinos reconhecidos. Além disso, as cidades de São Francisco do Sul e Bombinhas se destacam ao terem cinco praias aprovadas cada. No Sudeste, o Rio de Janeiro também registrou grande concentração de prêmios.
Mesmo assim, o processo não é fácil: muitos locais costeiros enfrentam desafios como poluição urbana, escoamento de águas pluviais, déficit de infraestrutura básica e falta de engajamento comunitário. Entretanto, garantir que o selo não seja apenas “decorativo”, mas mantenha seu rigor e exigência, será um teste constante.
Portanto, os debates internacionais sobre gestão costeira, como os que serão tratados durante a COP30 (em Belém, novembro de 2025), devem dialogar com iniciativas como a Bandeira Azul, reforçando a necessidade de planejamento integrado e proteção marítima.
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