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Conheça as Praias do Nordeste com selo Bandeira Azul na temporada 2025/2026

A cada temporada, os candidatos devem comprovar que mantêm essas condições para que possam reinvindicar ou renovar a certificação.
Eliseu Lins, da Agência NE9
6 de outubro de 2025 - às 07:05
Atualizado 6 de outubro de 2025 - às 07:05
6 min de leitura
Praia de Ponta de Nossa Senhora de Guadalupe, Ilha dos Frades. Salvador, Bahia. Foto Fábio Marconi
Praia de Ponta de Nossa Senhora de Guadalupe, Ilha dos Frades. Salvador, Bahia. Foto Fábio Marconi

O Brasil terá, na temporada 2025/2026, 60 praias e marinas certificadas com o selo Bandeira Azul, um dos mais respeitados prêmios de qualidade ambiental (e sustentabilidade) do mundo. Com isso, o país se mantém como líder na América do Sul no número de locais premiados.

A princípio, foram aprovadas 50 praias durante reunião internacional em Copenhague, Dinamarca — sede da organização Foundation for Environmental Education (FEE), responsável pelo selo.

O ministro do Turismo, Celso Sabino, ressaltou o significado da ampliação: “Ampliar o número de locais premiados com o selo Bandeira Azul reforça a retomada do compromisso do Brasil com a agenda ambiental e o protagonismo do nosso país no cenário internacional.”

O que é o selo Bandeira Azul?

O selo Bandeira Azul é uma certificação internacional voluntária, concedida a praias, marinas e embarcações de turismo que atendem a critérios rigorosos de sustentabilidade, segurança, qualidade da água e gestão ambiental.

Critérios de avaliação

Para conquistar e manter o selo, os locais devem cumprir — e comprovar anualmente — uma série de 38 requisitos (no Brasil) que envolvem diferentes dimensões:

  • Qualidade da água: a praia deve apresentar excelente balneabilidade, com análises periódicas de parâmetros microbiológicos (Ex: Escherichia coli, enterococos) e físico-químicos. B
  • Gestão ambiental: controle de lixo, zoneamento, drenagem, disposição de resíduos, preservação da vegetação e ecossistemas associados.
  • Educação e informação ambiental: placas informativas, atividades educativas para banhistas, participação comunitária, divulgação de dados.
  • Segurança e serviços: presença de salva-vidas, primeiros socorros, sinalização, acessibilidade, infraestrutura de apoio (banheiros, acessos, estacionamento)
  • Processo contínuo e histórico: os locais devem apresentar histórico de cumprimento dos critérios (normalmente dos últimos anos)

A cada temporada, os candidatos devem comprovar que mantêm essas condições para que possam reinvindicar ou renovar a certificação. Se um local falhar em cumprir critérios imperativos, pode perder o selo.

Conheça as Praias do Nordeste com Bandeira Azul 2025/2026

praia do patacho AL
Praia do Patacho AL FOTO REPRODUÇÃO

Na temporada 2025/2026, seis localidades costeiras do Nordeste obtiveram a certificação Bandeira Azul: uma em Alagoas e cinco na Bahia.

A seguir, a lista e os destaques de cada praia:

PraiaMunicípio / LocalEstadoDestaques que justificam a certificação / características locais
Praia do PatachoPorto de PedrasALÉ a praia alagoana contemplada — marcada por mar de águas claras, coqueiros, ambiente preservado e tranquilidade.
Praia do Paraíso – GuarajubaCamaçariBALocalizada no litoral norte da Bahia, próxima a Salvador, com estrutura de apoio, fácil acesso e envolvimento comunitário em ações ambientais.
Praia da Espera – ItacimirimCamaçariBAÁrea de praia relativamente menos urbana, potencial para manter qualidade de água e prática de educação ambiental com apoio local. (Menos divulgada em mídia, mas consta na lista oficial)
Praia da ViraçãoIlha dos Frades, SalvadorBAPraia costeira da ilha, com águas protegidas, menor impacto de tráfego urbano, favorecendo a manutenção da balneabilidade e ambiente preservado.
Ponta de Nossa Senhora de GuadalupeIlha dos Frades, SalvadorBAFamosa por sua beleza natural, águas calmas, e presença de vegetação local. Já foi candidata/disputada em temporadas anteriores.

É importante ressaltar que essas praias foram aprovadas em função do cumprimento dos critérios ambientais exigidos, o que indica que nelas são realizadas práticas como monitoramento constante da água, envolvimento da comunidade local em ações ambientais, infraestrutura mínima para banhistas e suporte de segurança.

Motivos e implicações das certificações

1. Credibilidade e atração turística

Uma praia com Bandeira Azul transmite confiança ao turista, pois é sinal de que o local possui controle da qualidade da água, segurança, cuidado ambiental e atendimento adequado — fatores que agregam valor ao destino costeiro.

2. Mobilização local e institucional

Alcançar a certificação exige articulação entre prefeitura, órgãos ambientais, comunidade local, empreendimentos turísticos e instituições de monitoramento. Esse processo fortalece a governança local e sensibiliza a população para o cuidado com o ambiente costeiro.

3. Preservação ambiental

Com critérios que impõem controle de resíduos, drenagem adequada, vedação à poluição e ações educativas, o programa incentiva a conservação dos ecossistemas litorâneos (restingas, manguezais, recifes etc.).

4. Sustentabilidade a longo prazo

O selo não é permanente — ele precisa ser renovado anualmente — o que estimula manutenção contínua das boas práticas e atenção constante a ameaças como descarte irregular, ocupação desordenada ou poluição urbana.

5. Impacto econômico local

Com atrativos mais valorizados, as comunidades podem obter benefícios econômicos: maior fluxo turístico, valorização imobiliária sustentável, geração de emprego no segmento de serviços turísticos e desenvolvimento local alinhado ao meio ambiente.

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Panorama nacional e desafios futuros

Santa Catarina lidera o número de locais certificados nesta temporada, com 31 destinos reconhecidos. Além disso, as cidades de São Francisco do Sul e Bombinhas se destacam ao terem cinco praias aprovadas cada. No Sudeste, o Rio de Janeiro também registrou grande concentração de prêmios.

Mesmo assim, o processo não é fácil: muitos locais costeiros enfrentam desafios como poluição urbana, escoamento de águas pluviais, déficit de infraestrutura básica e falta de engajamento comunitário. Entretanto, garantir que o selo não seja apenas “decorativo”, mas mantenha seu rigor e exigência, será um teste constante.

Portanto, os debates internacionais sobre gestão costeira, como os que serão tratados durante a COP30 (em Belém, novembro de 2025), devem dialogar com iniciativas como a Bandeira Azul, reforçando a necessidade de planejamento integrado e proteção marítima.

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Eliseu Lins

Eliseu Lins é baiano de nascimento e paraibano de coração. Jornalista formado na UFPB, tem mais de 20 anos de atuação na imprensa do Nordeste. É pós-graduado em jornalismo cultural e ocupa o cargo de editor-chefe do NE9 desde 2022.