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Conheça a teoria de que Cabral desembarcou em outro estado do Nordeste

Uma pesquisa feita por físicos brasileiros está balançando as bases da nossa história: ela sugere que Pedro Álvares Cabral e sua frota não chegaram primeiro em Porto Seguro, na Bahia, mas sim no litoral do Rio ...
Redação, da Agência NE9
27 de novembro de 2025 - às 10:16
Atualizado 27 de novembro de 2025 - às 10:16
4 min de leitura

Uma pesquisa feita por físicos brasileiros está balançando as bases da nossa história: ela sugere que Pedro Álvares Cabral e sua frota não chegaram primeiro em Porto Seguro, na Bahia, mas sim no litoral do Rio Grande do Norte.

A princípio, o estudo publicado na prestigiada Journal of Navigation, da Universidade de Cambridge, usou cálculos modernos para analisar a famosa Carta de Pero Vaz de Caminha. Vamos entender essa história fascinante?

A Ciência Entra na História

Os professores Carlos Chesman (UFRN) e Cláudio Furtado (UFPB) não são historiadores, mas físicos. Eles usaram ferramentas da ciência moderna – como simulações de computador, dados de ventos, correntes marítimas e a Força de Coriolis (aquele efeito da rotação da Terra que desvia tudo o que se move por longas distâncias) – para refazer a rota da frota de Cabral.

A conclusão? Pelos ventos e correntes da época, era praticamente impossível a frota ter ido em linha reta até a Bahia. O caminho mais provável seria uma rota em curva, terminando no litoral do Rio Grande do Norte.

Comparando as Evidências: Bahia vs. Rio Grande do Norte

Para deixar tudo mais claro, a tabela abaixo compara os pontos principais da narrativa tradicional com as novas descobertas:

O Que a Carta DescreveLocal Tradicional (BA)Nova Proposta (RN)Por que a Nova Proposta “Fecha” Mais?
O “monte alto e redondo”Monte Pascoal (536m)Monte Serra Verde (240m)O Monte Pascoal é alto demais e teria sido visto de muito longe. O Serra Verde se encaixa melhor na descrição e distância.
O porto seguro e espaçosoPorto SeguroPraia do Marco, em TourosA Praia do Marco tem o tamanho ideal para caber “200 naus”, como descreveu Caminha.
O rio estreitoRio Buranhém (muito largo)Rio Punaú (na Praia de Zumbi)O rio na proposta potiguar é estreito, combinando com a descrição, ao contrário do rio baiano.
As “barreiras vermelhas”Não há formações equivalentesFalésias da Barreira do InfernoA uma distância que bate com a carta, existem essas formações avermelhadas no RN.

E Agora, a História Vai Mudar?

Em suma, essa hipótese do desembarque no Rio Grande do Norte não é totalmente nova – historiadores potiguares, como o grande Câmara Cascudo, já consideravam essa possibilidade. A grande novagem é que, pela primeira vez, a ciência trouxe ferramentas e cálculos para dar um suporte numérico à teoria.

Os pesquisadores ressaltam que os números da carta – como distâncias em léguas – são informações objetivas que não mudam com o tempo, ao contrário da interpretação de um texto.

O litoral brasileiro tem milhares de praias. Foto: Governo Federal
Os físicos afirmam que o litoral potiguar é o verdadeiro local de desembarque de Cabral e sua frota. Foto: Governo Federal

Uma Conversa que Está Só Começando

Ao mesmo tempo, o mais importante agora é que esse estudo abre um diálogo. Os físicos querem conversar com historiadores, arqueólogos e outros especialistas para amadurecer a ideia. Reescrever a história não é simples, mas questioná-la com base em novas evidências é como a ciência e o conhecimento evoluem.

Em suma, é um lembrete fascinante de que o passado ainda pode nos reservar grandes surpresas, esperando serem descobertas com um novo olhar – ou, neste caso, com a ajuda da física!

E aí, o que você acha? Será que nosso descobrimento aconteceu mesmo nas lindas praias do Rio Grande do Norte? A discussão está apenas começando!

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