O setor varejista brasileiro enfrenta uma crise que afeta grandes cadeias de lojas, que sofrem com problemas contábeis e redução no número de pontos de venda. No entanto, as vendas no comércio mostram sinais de resistência, com um aumento de 2,3% em relação a agosto de 2022 e uma alta acumulada de 1,7% em 12 meses.
Esses são os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (18). Segundo o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, o resultado de agosto indica uma estabilidade do setor, após uma variação positiva de 0,7% em julho.
“O comércio vem mostrando um comportamento de estabilidade ao longo do ano. Dos oito meses apurados, foram quatro de estabilidade e três de volatidade baixa”, explica Santos.
A estabilidade, porém, não é homogênea entre os segmentos pesquisados. Metade dos oito setores teve números negativos em agosto: outros artigos de uso pessoal e doméstico (-4,8%), livros, jornais, revistas e papelaria (-3,2%), móveis e eletrodomésticos (-2,2%) e tecidos, vestuário e calçados (-0,4%).
Santos destaca que esses são os segmentos mais afetados pela crise das varejistas, que enfrentam dificuldades financeiras e operacionais. “Ao longo do ano, até agosto, grandes cadeias de lojas vivem crises contábeis e estão passando por redução no número de lojas”, cita o gerente da pesquisa.
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Setores em crescimento
Por outro lado, os setores que apresentaram crescimento em agosto foram: hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,9%), combustíveis e lubrificantes (0,9%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (0,2%), e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,1%).
Santos explica que esses segmentos são menos sensíveis à conjuntura econômica e têm uma demanda mais constante. “São setores que vendem produtos essenciais ou que têm uma dinâmica própria de mercado”, afirma.
O gerente da pesquisa ressalta que o comércio ainda enfrenta desafios para se recuperar da crise provocada pela pandemia de Covid-19, que impactou negativamente o consumo das famílias. “O comércio ainda está 5% abaixo do patamar pré-pandemia. Ainda há um caminho a ser percorrido para a recuperação plena do setor”, conclui.