Ginásio Pernambucano: 200 anos de história da instituição de ensino mais antiga em atividade do Brasil
Fundado em 1º de setembro de 1825, o Ginásio Pernambucano cumpre em 2025 dois séculos de serviços à educação brasileira. Reconhecida como a escola mais antiga em funcionamento contínuo no país, a instituição reflete não só marcos da história de Pernambuco, mas também os desafios e transformações da educação pública ao longo dos anos.

Origens e evolução histórica
- A princípio, o Ginásio nasceu como Liceu Provincial de Pernambuco, criado por decreto do presidente da província José Carlos Mayrink, operando inicialmente no Convento do Carmo, no Recife.
- Ao longo das décadas, a escola ocupou diversos prédios no Recife — da Rua Gervásio Pires à Alfândega, do Hospício, da Rua da Praia — até estabelecer definitivamente sua sede na Rua da Aurora, em Santo Amaro, em 1866.
- Em 1855, uma lei transformou o Liceu em internato de instrução pública secundária com o nome de Ginásio Pernambucano.
- Mudanças de nome marcaram sua trajetória: foi chamado de Instituto Benjamin Constant por volta de 1893, depois Colégio Pernambucano e Colégio Estadual, retornando oficialmente ao nome Ginásio Pernambucano em 1974.
Fatos marcantes e grandes nomes
- Visitado por Dom Pedro II em 1859, ainda com seu prédio em construção.
- Foi sede de importantes iniciativas culturais e científicas: possuía Museu de História Natural (organizado por Louis Brunet), biblioteca, capela, entre outros elementos com forte papel formativo.
- Ex-alunos de destaque incluem escritores, economistas e figuras políticas de relevância nacional, como Clarice Lispector, Ariano Suassuna, Celso Furtado e Epitácio Pessoa.
Situação atual, desafios e modernização
- Em 2004, o Ginásio foi reinaugurado como Centro de Ensino Experimental (CEE), adotando o modelo de educação integral na rede estadual. Essa mudança implicou em novos métodos de gestão, remuneração diferenciada de professores, e busca por qualidade continuada.
- Em 2020, ganhou status de Escola Técnica Estadual (ETE), ampliando sua oferta de ensino e valorizando a formação técnica para seus alunos.
- Para celebrar os 200 anos, o governo estadual anunciou investimento estimado em R$ 7 milhões para restaurar e modernizar o prédio histórico, com obras em três etapas, incluindo recuperação da estrutura física, melhorias de acessibilidade, climatização das salas e medidas de segurança contra incêndio.
- A unidade tem cerca de 720 estudantes distribuídos em 17 turmas no Ensino Médio.
Relevância cultural e simbólica
- Mais do que instituição de ensino, o Ginásio Pernambucano é patrimônio simbólico de Pernambuco, um elo vivo entre passado e presente.
- Propostas para que seja reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado têm sido discutidas, como modo de proteger não apenas o prédio, mas a memória, tradições e papel educativo-social da escola.
- Ao mesmo tempo, a escola também tem desenvolvido programas além do currículo formal, com ênfase em projetos culturais, de paz, de valorização da história local, inserção técnica, etc.
Desafios e perspectivas
- Manter a infraestrutura adequada de um prédio centenário, preservando suas características históricas, enquanto se adaptam as instalações para padrões modernos de acessibilidade, conforto e segurança.
- Conciliar obras de restauração com o calendário escolar, para que os estudantes não sofram prejuízo.
- Preservar sua missão formativa e qualidade educativa diante de desafios comuns à educação pública: recursos, valorização docente, tecnologia, exigências modernas.
Portanto, o Ginásio Pernambucano representa muito mais do que o título de “mais antigo colégio em atividade do Brasil”. Ele é um monumento educativo, social e cultural que tem acompanhado transformações profundas no país ao longo de dois séculos. Afinal, ao celebrar seu bicentenário, a instituição mostra que é possível aliar tradição com inovação — com reformas físicas, mudança de metodologia, inserção técnica e compromisso com a qualidade. O futuro depende de continuar esse diálogo entre passado e presente, garantindo acesso, dignidade e relevância para as gerações vindouras.
LEIA TAMBÉM


