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Colégio no Nordeste é o mais antigo em atividade no Brasil

Ginásio Pernambucano: 200 anos de história da instituição de ensino mais antiga em atividade do Brasil
Eliseu Lins, da Agência NE9
15 de setembro de 2025 - às 08:54
Atualizado 15 de setembro de 2025 - às 08:54
4 min de leitura

Ginásio Pernambucano: 200 anos de história da instituição de ensino mais antiga em atividade do Brasil

Fundado em 1º de setembro de 1825, o Ginásio Pernambucano cumpre em 2025 dois séculos de serviços à educação brasileira. Reconhecida como a escola mais antiga em funcionamento contínuo no país, a instituição reflete não só marcos da história de Pernambuco, mas também os desafios e transformações da educação pública ao longo dos anos.

Ginásio Pernambucano foto reprodução

Origens e evolução histórica

  • A princípio, o Ginásio nasceu como Liceu Provincial de Pernambuco, criado por decreto do presidente da província José Carlos Mayrink, operando inicialmente no Convento do Carmo, no Recife.
  • Ao longo das décadas, a escola ocupou diversos prédios no Recife — da Rua Gervásio Pires à Alfândega, do Hospício, da Rua da Praia — até estabelecer definitivamente sua sede na Rua da Aurora, em Santo Amaro, em 1866.
  • Em 1855, uma lei transformou o Liceu em internato de instrução pública secundária com o nome de Ginásio Pernambucano.
  • Mudanças de nome marcaram sua trajetória: foi chamado de Instituto Benjamin Constant por volta de 1893, depois Colégio Pernambucano e Colégio Estadual, retornando oficialmente ao nome Ginásio Pernambucano em 1974.

Fatos marcantes e grandes nomes

  • Visitado por Dom Pedro II em 1859, ainda com seu prédio em construção.
  • Foi sede de importantes iniciativas culturais e científicas: possuía Museu de História Natural (organizado por Louis Brunet), biblioteca, capela, entre outros elementos com forte papel formativo.
  • Ex-alunos de destaque incluem escritores, economistas e figuras políticas de relevância nacional, como Clarice Lispector, Ariano Suassuna, Celso Furtado e Epitácio Pessoa.

Situação atual, desafios e modernização

  • Em 2004, o Ginásio foi reinaugurado como Centro de Ensino Experimental (CEE), adotando o modelo de educação integral na rede estadual. Essa mudança implicou em novos métodos de gestão, remuneração diferenciada de professores, e busca por qualidade continuada.
  • Em 2020, ganhou status de Escola Técnica Estadual (ETE), ampliando sua oferta de ensino e valorizando a formação técnica para seus alunos.
  • Para celebrar os 200 anos, o governo estadual anunciou investimento estimado em R$ 7 milhões para restaurar e modernizar o prédio histórico, com obras em três etapas, incluindo recuperação da estrutura física, melhorias de acessibilidade, climatização das salas e medidas de segurança contra incêndio.
  • A unidade tem cerca de 720 estudantes distribuídos em 17 turmas no Ensino Médio.

Relevância cultural e simbólica

  • Mais do que instituição de ensino, o Ginásio Pernambucano é patrimônio simbólico de Pernambuco, um elo vivo entre passado e presente.
  • Propostas para que seja reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado têm sido discutidas, como modo de proteger não apenas o prédio, mas a memória, tradições e papel educativo-social da escola.
  • Ao mesmo tempo, a escola também tem desenvolvido programas além do currículo formal, com ênfase em projetos culturais, de paz, de valorização da história local, inserção técnica, etc.

Desafios e perspectivas

  • Manter a infraestrutura adequada de um prédio centenário, preservando suas características históricas, enquanto se adaptam as instalações para padrões modernos de acessibilidade, conforto e segurança.
  • Conciliar obras de restauração com o calendário escolar, para que os estudantes não sofram prejuízo.
  • Preservar sua missão formativa e qualidade educativa diante de desafios comuns à educação pública: recursos, valorização docente, tecnologia, exigências modernas.

Portanto, o Ginásio Pernambucano representa muito mais do que o título de “mais antigo colégio em atividade do Brasil”. Ele é um monumento educativo, social e cultural que tem acompanhado transformações profundas no país ao longo de dois séculos. Afinal, ao celebrar seu bicentenário, a instituição mostra que é possível aliar tradição com inovação — com reformas físicas, mudança de metodologia, inserção técnica e compromisso com a qualidade. O futuro depende de continuar esse diálogo entre passado e presente, garantindo acesso, dignidade e relevância para as gerações vindouras.

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Eliseu Lins

Eliseu Lins é baiano de nascimento e paraibano de coração. Jornalista formado na UFPB, tem mais de 20 anos de atuação na imprensa do Nordeste. É pós-graduado em jornalismo cultural e ocupa o cargo de editor-chefe do NE9 desde 2022.