O presidente Companhia de Gás do Ceará (Cegás), Hugo Figueirêdo, apontou hoje em seminário internacional promovido pelo Biogas Research Center da Universidade de Linköping, na Suécia, como principais desafios para o crescimento da produção e distribuição de Gás Natural Renovável (GNR) no Brasil a ampliação de investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento, Inovação, e o mapeamento do potencial de produção e uso deste energético.
Figueirêdo falou no painel “International outlook with short reports from India, Italy, South Africa, Cuba, Brazil”, que reuniu especialistas de vários países do mundo por um sistema de videoconferência.
O presidente da Cegás iniciou sua palestra destacando que o uso do GNR pela Cegás revelou-se uma experiência competitiva e sustentável, com impactos positivos em toda a cadeia produtiva do gás natural no Ceará. “O GNR ampliou a oferta do suprimento e aumentou a competitividade no preço, beneficiando de forma direta nossos clientes”, disse Figueirêdo.
Segundo Figueirêdo, o projeto de uso do biogás do aterro de lixo da Região Metropolitana de Fortaleza é um exemplo bem-sucedido de aliança público-privada. O empreendimento é o primeiro do gênero no Brasil e é fruto de uma parceria entre o governo do Ceará, prefeituras de Fortaleza e de Caucaia, Cegás e a GNR Fortaleza.
O governo do Ceará, por meio da Cegás, investiu R$ 22 milhões na construção de uma estação de transferência e de um gasoduto de 23 km que transporta o gás natural produzido no Asmoc (Aterro Sanitário Municipal Oeste de Caucaia), que diariamente recebe cerca de 3 mil toneladas de resíduos sólidos domiciliares.
O biogás é purificado e convertido em gás natural renovável pela GNR Fortaleza e adquirido pela Cegás.
O presidente da Cegás afirmou ainda que, desde maio de 2018, a Companhia tornou-se a primeira distribuidora do Brasil a injetar na sua rede de gasodutos o GNR. Segundo ele, o GNR já está sendo entregue a todos os clientes residenciais, comerciais, industriais e veiculares da Cegás.
Atualmente, com 16%, o Ceará tem uma das maiores participações de GNR no volume de gás distribuído no mundo. Em países desenvolvidos como a França e o Japão, este índice é inferior a 5%. Na Suécia, o percentual é de 12%.
A nova lei nacional de crédito de carbono (Renovabio 2018), a oferta de incentivos fiscais por alguns governos estaduais como, por exemplo, o Ceará, e um ambiente regulatório em evolução nos planos nacional e estadual foram descritos por Figueirêdo como fatores que favorecem a expansão do mercado de biogás no Brasil.
Como barreiras para o desenvolvimento deste mercado, Figueirêdo apontou a baixa disseminação e acesso a soluções tecnológicas existentes, os altos custos de importação de tecnologias e limitado know-how próprio, e a baixa conscientização do potencial de biogás entre produtores, investidores e usuários.
Figueirêdo enxerga boas perspectivas para o GNR no Brasil e defendeu uma maior promoção do potencial de mercado para investidores, uma política de desenvolvimento de fornecedores locais de equipamentos e serviços especializados, e a redução da burocracia no licenciamento de projetos de produção como medidas para o crescimento da produção e distribuição deste energético no país.