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Capital no Nordeste é TOP 3 no Brasil em crescimento vertical

João Pessoa lidera a verticalização no Nordeste e está entre as primeiras do país. Os dados são da Pnad Contínua (IBGE).
Redação, da Agência NE9
9 de setembro de 2025 - às 08:28
Atualizado 9 de setembro de 2025 - às 08:28
4 min de leitura

Quem chega a João Pessoa hoje dificilmente reconhece a cidade tranquila e predominantemente horizontal de uma década atrás. A princípio, o horizonte da capital paraibana está se transformando rapidamente, pontilhado por gruas e novos edifícios que contam a história de um crescimento acelerado. Mais do que uma mudança estética, essa verticalização é o símbolo de uma cidade em ebulição, que se tornou um ímã para quem busca qualidade de vida, belezas naturais e uma infraestrutura urbana em franca expansão. Mas o que está por trás desse boom imobiliário? E quais os impactos para quem mora na “capital dos fenômenos”?

A capital que cresce para o céu

João Pessoa não está apenas se verticalizando; ela lidera esse movimento no Nordeste e está entre as primeiras do país. Os dados da Pnad Contínua (IBGE) de 2024 são reveladores:

IndicadorJoão PessoaRegião NordesteBrasil
Domicílios que são apartamentos (2024)43,2%9,6%15,3%
Crescimento (desde 2016)+13,2 p.p.+1,1 p.p.+1,6 p.p.

Isso significa que, em menos de uma década, a proporção de apartamentos na cidade deu um salto impressionante, o maior entre todas as capitais brasileiras. Na prática, a realidade pessoense hoje se assemelha mais à de grandes centros urbanos como Vitória (51,1%) e Rio de Janeiro (49,4%), superando até mesmo São Paulo.

O motor do crescimento: Valorização, limitação e demanda

De acordo com Roseli Cavalcanti, vice-presidente do Creci-PB, três fatores principais explicam esse fenômeno:

  1. Valorização do litoral: A busca por imóveis com proximidade do mar disparou.
  2. Limitação territorial: A geografia da cidade, cercada por rios e pelo mar, impõe limites à expansão horizontal.
  3. Alta demanda: Cresce o interesse por empreendimentos multifamiliares, tanto para moradia quanto para investimento.

Assim, diferente de outras capitais, Roseli destaca que o processo em João Pessoa é mais planejado. “Uma legislação que preserva a orla marítima direciona o adensamento para bairros estratégicos”, explica. O mercado está aquecido em todas as frentes, do alto ao médio padrão, puxando uma cadeia produtiva que gera milhares de empregos e movimenta a economia local de forma decisiva.

O Outro Lado da Moeda: Os Desafios do Planejamento Urbano

Contudo, a velocidade da transformação já preocupa especialistas em urbanismo. Ricardo Vidal, presidente do CAU-PB, alerta que a verticalização só se traduz em qualidade de vida com muito planejamento.

“O grande desafio é equilibrar adensamento populacional e infraestrutura. Sem um plano integrado, podemos ter sobrecarga nos serviços públicos, trânsito caótico e perda da identidade urbana”, pontua Vidal.

Ao mesmo tempo, o adensamento modifica a forma de viver a cidade. Se nos bairros horizontais a vida acontece nas calçadas e praças, a rotina em um condomínio vertical se concentra em áreas comuns. Isso exige um transporte coletivo mais eficiente, comércio local fortalecido e a criação de espaços públicos que mantenham a escala humana e as referências culturais dos bairros.

Idris reforça que a questão não é ser contra os prédios, mas defender um crescimento harmônico, inclusivo e sustentável, que não pressione a infraestrutura até o colapso nem apague a identidade dos bairros.

Orla de João Pessoa

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Um novo capítulo para João Pessoa

Assim, João Pessoa vive um momento de virada. A verticalização é um sinal claro de desenvolvimento econômico e atratividade, mas também um lembrete de que o progresso precisa ser guiado por uma visão de futuro. O caminho para seguir sendo a capital da qualidade de vida passa, inevitavelmente, por encontrar o equilíbrio entre crescer para cima e garantir que a cidade, no chão, continue acolhedora, verde e com uma infraestrutura que comporte seus novos moradores. O futuro de João Pessoa está sendo desenhado agora, um andar de cada vez.

Com informações do Jornal A União

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