Por meio da linha FNE Verde, o financiamento possibilitou a aquisição de equipamentos e infraestrutura para viabilização da usina, que será inaugurada no dia 17.
A partir da próxima quinta-feira (17), entrará em funcionamento a primeira usina alagoana de geração de energia elétrica por biogás oriundo do metano, gás produzido no processo de decomposição do lixo. O projeto, da Alagoas Ambiental, amplia a atuação do empreendimento, que já transforma o chorume em água limpa e a metralha em material nobre de construção civil. Pela parceria com o Banco do Nordeste, a empresa apostou no FNE Verde, linha do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste destinada a investimentos ambientalmente sustentáveis, para diversificar e modernizar seu trabalho. A usina está implantada no Centro de Tratamento de Resíduos (CTR) Metropolitana, localizado no município de Pilar, e tem capacidade para gerar um megawatt/hora de energia, suficientes para suprir a rede elétrica de cinco mil unidades residenciais.
“Podemos considerar essa usina um marco para as ações empresariais que primam pela visão da sustentabilidade e responsabilidade socioambiental nos negócios. Produzir energia elétrica por meio do gás gerado pelo lixo estimula a cultura de uso da energia limpa, beneficia o meio ambiente, reduz custos de processos produtivos e mostra as vantagens da produção sustentável”, destaca o superintendente Estadual do BNB em Alagoas, Sidinei Reis. Ele ressalta ainda o crescimento dos contratos realizados com o Banco, no Estado, para financiamentos com recursos do FNE Verde, que foi de 78%, ano passado, em relação a 2020.
Biogás
De acordo com Tarcísio Neto, um dos administradores da Alagoas Ambiental, a energia elétrica produzida será lançada na rede de distribuição da Equatorial, permitindo descontos de até 12% na conta de quem utilizar a fonte do biogás. “Diferente do que ocorre com a energia solar, o usuário não precisa realizar nenhum investimento na aquisição de equipamentos. A energia será gerada na usina do CTR do Pilar e comercializada pelo sistema de compensação na rede da Equatorial. Para essa parte da comercialização, fizemos uma parceria com o Grupo Gera, que tem vasta experiência nessa área”, esclarece.
O gestor, que é neto do sócio presidente da empresa e idealizador do projeto, ressalta também o ganho ambiental que a usina proporcionará: são mais de 600 toneladas de CO² por ano que deixarão de ser lançadas no meio ambiente, colaborando para redução da emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa e alterações climáticas. Em decorrência da diminuição desse poluente, a empresa pretende adquirir créditos de carbono, uma espécie de moeda de troca para quem reduz a emissão do gás carbônico na atmosfera, que pode ser comercializada com países que têm metas a cumprir, nessa seara ambiental.
Sustentabilidade
A Alagoas Ambiental é pioneira também, no estado, na transformação do chorume produzido pela decomposição do lixo em água limpa. O processo ocorre nos CTRs de Craíbas (outra unidade da empresa) e de Pilar. As máquinas necessárias para isso são de tecnologia alemã e também foram adquiridas por meio do crédito verde do BNB. “O Banco é nosso maior parceiro; a gente sonha junto e o Banco do Nordeste ajuda a realizar”, enfatiza Tarcísio. Ele fala, com orgulho, da história da empresa e do aspecto visionário do avô, que, quando teve a ideia de montar um empreendimento de tratamento de resíduos do lixo, nos idos de 2015, foi desacreditado por muitas pessoas. No entanto, a parir de 2018, com o fechamento dos lixões, seu projeto passou a ser uma das únicas opções de prefeituras e empresários para a destinação correta dos resíduos.
Atualmente, as duas unidades geram 160 empregos diretos e atendem 71 municípios alagoanos, além do setor produtivo privado, e recebem, juntas, cerca de 1.450 toneladas/dia de resíduos de todos os tipos, incluindo os oriundos da área de saúde, que precisam de especificidade maior de tratamento, como esterilização e incineração. Outro CTR está em construção na cidade de Delmiro Gouveia, com previsão de inauguração para esse ano ainda.
Ao mostrar a lagoa de água limpa, fruto da transformação do chorume, o neto do idealizador do projeto, repete uma frase inspirada no slogan da empresa: “transformamos lixo em vida”. E, de fato, são cerca de 200 m³/dia de chorume que, livre de impurezas, por meio de um processo chamado de osmose reversa, abastece uma lagoa de 9.000 m³ para criação de peixes.
O investimento em sustentabilidade não para por aí. Também com apoio do BNB, foi possível a construção de uma usina de reciclagem da construção civil, em que metralha se transforma em brita, de até sete granulações, areia, entre outros produtos que são reintroduzidos na cadeia produtiva.
A empresa possui ainda uma área destinada à educação ambiental, com horta, pomar, mudário, criação de pequenos animais e auditório para atendimento de escolas e cetros educacionais.
FNE Verde
Ano passado, no âmbito do FNE Verde, voltado para o desenvolvimento de empreendimentos e atividades econômicas que propiciem a preservação, conservação, controle e recuperação do meio ambiente, com foco na sustentabilidade e competitividade das empresas e cadeias produtivas, o Banco contratou, em Alagoas, R$ 36 milhões em 219 operações de crédito. Do total, R$ 6,4 milhões foram destinados à projetos de energia solar por pessoas físicas.
FONTE: Assessoria BNB