Balanço do mar se transforma em energia elétrica no litoral do Ceará
Dono de um litoral de cerca de 8 mil quilômetros de extensão, o Brasil tem muitas possibilidades de explorar o oceano como fonte de energia limpa e renovável. Uma dessas possibilidades está se materializando no mar do Ceará, onde acaba de ser construída a primeira usina de ondas da América Latina, que utiliza o movimento das ondas para produzir energia elétrica.
Idealizada e projetada no Laboratório de Tecnologia Submarina da Coppe, a usina está situada no porto do Pecém, a 60 quilômetros de Fortaleza. O projeto insere o Brasil no seleto grupo de países que estão testando diferentes conceitos tecnológicos para atingir um mesmo objetivo: comprovar que as ondas do mar podem produzir eletricidade com confiabilidade de suprimento e a custos viáveis.
Segundo o professor Segen Estefen, do Laboratório de Tecnologia Submarina da Coppe, o diferencial da tecnologia brasileira é o uso de um sistema de alta pressão para movimentar a turbina e o gerador, um conceito desenvolvido e patenteado pela Coppe. O conjunto completo consiste em um flutuador e um braço mecânico que, movimentados pelas ondas, acionam uma bomba para pressurizar água doce e armazená-la num acumulador conectado a uma câmara hiperbárica. A pressão na câmara equivale à de colunas d´água entre 200 e 400 metros de altura, semelhante às das usinas hidrelétricas. A água altamente pressurizada forma um jato que movimenta a turbina. Esta, por sua vez, aciona o gerador de energia elétrica.
A construção da usina de ondas do Pecém foi financiada pela Tractebel Energia S.A., por meio do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e apoiada pelo governo do Ceará.
O potencial energético das ondas no Brasil é estimado em 87 gigawatts. Testes da Coppe indicam que é possível converter cerca de 20% desse potencial em energia elétrica, o que equivale a cerca de 17 % da capacidade total instalada no país.
FONTE – Coppe UFRJ