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Artista nordestino festeja inauguração do próprio túmulo: “estou pronto”

Em pleno Sertão de Alagoas, onde o sol inclemente desenha histórias de resistência, Beto de Meirus decidiu que a morte não seria um tema de luto, mas de celebração. Aos 82 anos, o seleiro mais ...
Redação, da Agência NE9
22 de setembro de 2025 - às 08:21
Atualizado 22 de setembro de 2025 - às 08:21
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Em pleno Sertão de Alagoas, onde o sol inclemente desenha histórias de resistência, Beto de Meirus decidiu que a morte não seria um tema de luto, mas de celebração. Aos 82 anos, o seleiro mais antigo da região, poeta cordelista, escultor e trovador, inaugurou a própria sepultura em pleno aniversário. Assim, transformou o cemitério de Pão de Açúcar em um palco de versos, bacamartes e abraços.

No último dia 7 de abril, data do seu aniversário, Beto reuniu familiares, amigos e curiosos para uma festa que muitos chamariam de insólita. Contudo, para ele, foi a forma mais genuína de afirmar: a vida merece ser festejada até o último suspiro. Com bolo, música, recitação de cordéis e o estalar tradicional do bacamarte, ele não apenas comemorou mais um ano de vida, como também “estreou” o local onde repousará no futuro.

“Vou quando Deus me chamar”, disse Beto, com a serenidade de quem já virou poesia até a própria lápide.

Um artista de muitas faces

Beto de Meirus não é apenas um mestre no couro. Sua vida tem marcas da arte em todas as suas formas. Sua lápide, esculpida por suas mãos, já está pronta: traz seu nome, a data de nascimento e um espaço em branco aguardando o dia final. Ao redor, fotos dos filhos, esculturas dos pais, folhetos de cordéis — um verdadeiro museu afetivo em pleno cemitério.

Conhecido como “Escravo do Amor”, apelido que nasceu de um verso e colou em sua trajetória romântica, Beto confessa:

“Fui tão romântico, amei intensamente, me entreguei por completo e, hoje, não tenho um amor.”

Pai de 11 filhos e já trisavô, ele carrega nas palavras a saudade e a paixão pelas noites sertanejas, pelas danças e pelas histórias que viveu.

Um convite para o último adeus

De humor afiado e coração aberto, Beto já estendeu um convite público:

“Quero convidar todo mundo para o meu enterro. Já fiz minha catacumba, estou pronto para morrer a qualquer momento. Quem quiser vir, já está convidado.”

A fala, dita entre sorrisos e aplausos, resume a coragem e a leveza com as quais ele encara a existência — e a despedida.

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