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Angelo Almeida: ‘A Bahia tem grande potencial para se tornar um hub de Hidrogênio Verde’

De acordo com a Secretaria de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), o PIB baiano totalizou em R$401 bilhões em 2022, um crescimento de 2,6% em relação ao ano anterior. Para os acumulados positivos estão as atividades de Transportes (+5,4%) e Outros Serviços (+5,9%). Houve também incremento nas Atividades Imobiliárias (+2,1%) e na Administração Pública (+2,0%). Por outro lado, o setor de comércio teve desempenho negativo, com recuo de 0,9%. Este ano, a expectativa é de que o estado continue crescendo e possa ultrapassar a média do PIB nacional. Para entender melhor o cenário atual da economia baiana, o recém-empossado secretário de Desenvolvimento Econômico (SDE), Angelo Almeida, concedeu entrevista exclusiva ao BadeValor e contou sobre os projetos da pasta para os próximos anos.

BadeValor – Qual a expectativa para a economia baiana em 2023? Como deve se comportar em relação ao cenário nacional?

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Secretário Angelo Almeida – A economia baiana deve seguir o mesmo ritmo de crescimento da nacional. O governo estadual em conformação com o federal deve efetivar investimentos de infraestrutura, de protocolos de investimentos, como a chegada da montadora chinesa, que cria expectativa positiva para a economia baiana, que deve crescer em torno de 1,7% segundo as projeções da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), maior do que a nacional. O comércio deve crescer e os serviços devem se recuperar, assim como a geração de emprego, a melhora em torno do salário mínimo.

Diante do exposto, vale ressaltar que a geração de mais postos de trabalho é de suma importância para a economia baiana, pois o saldo de empregos para o setor de comércio em 2021 foi de 35.886 postos de trabalho, o maior resultado dentre os estados da região Nordeste. No acumulado do ano até maio de 2022, o saldo do setor foi de 1.425 postos de trabalho, portanto o ano de 2022 foi muito positivo em relação ao emprego na Bahia. Entre admitidos e demitidos, o saldo foi de 120,4 mil empregos com carteira assinada, número não muito distante do visto no ano anterior, de pouco menos de 140 mil.

Além de gerador do maior número de empregos formais no país, o setor exibe números expressivos de crescimento e consistentes indicadores de modernização. Na Bahia, o setor de comércio e serviços tem importante envolvimento na economia da Bahia. Em 2021, o segmento de serviços participou com 64,4% do PIB do estado, tendo o setor de comércio uma maior participação dentro da estrutura de 18%. O perfil dos empreendedores vem mudando a cada ano, em função do fortalecimento e ações que promovem o empoderamento feminino. Em pesquisa, o Sebrae/BA aponta que 36% do comércio são liderados por mulheres.

Segundo o Portal do Empreendedor, em 2022 foram registradas a abertura de 721.667 mil novas empresas (MEI´s), sendo que desse total 428.796 (54%) são homens e 357.476 (46%) mulheres. No mesmo período do ano anterior, contabilizou-se 661.582 novas empresas individuais. O segmento do comércio liderou o ranking e foi responsável por 39,8% do total de aberturas de empreendimentos na Bahia (Portal empreendedor, 2022).

BV – Quais os projetos da pasta para os próximos anos e quais são prioritários?

AA – Um dos principais projetos da secretaria é atrair investimentos privados para o estado, fazendo a economia girar e, consequentemente, gerar emprego e renda para o povo baiano. Acredito que nosso maior compromisso na SDE é manter um ambiente saudável, favorável e seguro aos empreendedores dispostos a investir na Bahia, que tem uma gigantesca janela de oportunidades. Queremos apoiar e estimular os segmentos baianos. Vamos fomentar sistemas produtivos, fortalecendo e diversificando cada vez mais a nossa indústria, provando ao Brasil e ao mundo que a Bahia é destino de bons negócios.

Nos últimos oito anos, mais de 70% dos empreendimentos atraídos e beneficiados com incentivos fiscais se implantaram no interior do estado e vamos manter esse direcionamento de equalizar os investimentos por toda a Bahia. Nosso estado tem riquezas naturais e abundantes e vamos continuar utilizando os recursos a favor do nosso povo.

Temos um potencial enorme em energias renováveis, somos líderes em geração de energia eólica e solar, temos protagonizado o cenário de hidrogênio verde e no próximo ano abrigaremos a primeira fábrica de Amônia e Hidrogênio Verde (H2V) em escala industrial do Brasil. O mundo vem passando por uma grande transformação e cada vez grandes potências têm procurado investir em países que investem na sustentabilidade e queremos voltar os olhos do mundo para a Bahia, que caminha para se transformar em um grande hub de hidrogênio verde.

A mineração baiana tem grande destaque no cenário mineral do Brasil, sendo um dos principais alvos de pesquisa no setor do país. Somos o terceiro maior produtor brasileiro de bens minerais e o único estado 100% coberto por levantamento aerogeofísico. Nos últimos oito anos, o setor mineral baiano cresceu, ampliou e modernizou suas unidades industriais e no que depender de nós da SDE, muitos outros anúncios virão deste importante segmento. Em especial com a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), que é fundamental para a consolidação de um novo corredor logístico de exportação para a Bahia e o Brasil. O modal, que é uma das prioridades do novo governo, promoverá um novo ciclo de crescimento regional da mineração e do agronegócio, por isso, o empenho do estado para que a ferrovia chegue o quanto antes ao Oeste da Bahia.

Temos excelente potencial aquífero e importantes indústrias de bebidas instaladas aqui, solos férteis e uma agroindústria forte, ventos constantes, estáveis e unidirecionais e excelentes níveis de irradiação, que nos tornou uma potência, que chama atenção do mundo. A mão de obra qualificada é um dos nossos diferenciais e a indústria calçadista, intensivista em mão de obra, é uma grande testemunha disso.

Quanto aos segmentos que temos como prioritários para maximizar a criação de empregos e combater a pobreza destaco aqueles ligados à indústria, ou seja, a reindustrialização do país e do estado. A Bahia está tentando trazer uma montadora para substituir a Ford, mas é preciso salientar que a companhia fechou a fábrica, mas mantém dentro do Cimatec Park, em Camaçari, o Centro de Desenvolvimento e Tecnologia do Brasil, que emprega aproximadamente 1,5 mil especialistas e estima avançar para duas mil vagas até o final do ano. O local é dedicado ao desenvolvimento de projetos globais da marca. Além disso, temos tentado trazer novas indústrias para todas as regiões do estado, a exemplo do setor calçadista e químico. Temos também a questão do hidrogênio verde que fará com que as energias renováveis se juntem com a indústria química e a de combustíveis. Temos também buscado trazer a industrialização para o Oeste da Bahia, onde queremos associar a produção agrícola à produção industrial na região.

BV – Como pretende atrair investimentos para o estado?

AA – O governo da Bahia projeta desenvolver estímulos necessários para a captação de novos empreendimentos e negócios visando o aumento significativo da prospecção e do atendimento a potenciais investidores. As atuações se darão junto ao Programa Estadual de Parcerias Público-Privadas (PPPs), com a ótica do desenvolvimento econômico, com políticas públicas voltadas para os polos de desenvolvimento e a promoção de ações que visam a maior atração de investimentos; Utilizar ferramentas para atração de investimentos através de Plataformas de Prospecção de novos negócios; Prospectar novos mercados a partir do desenvolvimento de uma inteligência comercial; Promoção de Negócios através de Missões, feiras internacionais, eventos, seminários e rodadas de negócios em que são apresentadas as Oportunidades de Investimentos por setores da economia e vantagens existentes na Bahia.

Essas oportunidades são divulgadas em diversos países para os governantes e empresas do mundo inteiro; Apoio Institucional ao Investidor estrangeiro e nacional; Parcerias e convênios com órgãos e entidades públicas e privadas voltadas para promoção de negócios e prospecção de investimentos.

BV – Quanto ao empreendedorismo, inovação e tecnologia, o que planejam?

AA – Teremos ações voltadas para a melhoria do ambiente de negócios, fortalecimento empresarial e apoio na identificação de oportunidades, o estado vem contribuindo para que o setor atinja um grande potencial de competitividade e inovação, que são cada vez mais determinantes para acelerar o desenvolvimento econômico e a produtividade.
Dessa forma os projetos para 2023 são: a inserção do serviço de Orientação e disseminação do Microcrédito – Crediamigo e o CrediBahia, nos postos das unidades do Serviço de Atendimento ao Empreendedor (SAE), fruto de parceria firmada com o Banco do Nordeste e Desenbahia, SDE, Setre e Sebrae respectivamente. Com o intuito de facilitar e desburocratizar o acesso ao microcrédito para os microempreendedores individuais – MEI e para as micro e pequenas empresas – MPE, público-alvo do SAE.

BV – Como serão tratadas as parcerias nacionais e internacionais para o desenvolvimento do estado? Quais setores serão mais beneficiados?

AA – As parcerias serão desenvolvidas e tratadas no âmbito das agências de promoção de investimentos, federações, câmaras, embaixadas, órgãos públicos e privados, governos e principalmente fortalecer as relações institucionais com as empresas do mundo inteiro e do país. Tanto as parcerias nacionais como as internacionais visam uma maior interação das relações da Bahia com o mundo e o estado se faz presente para trazer o desenvolvimento econômico.

BV – Algumas empresas assinaram protocolo de intenções de investimento para os próximos anos. Quantas empresas estão nessa lista e quanto deve movimentar na economia baiana?

AA – Atualmente temos 406 empreendimentos com incentivos fiscais em implantação e/ou ampliação no estado, com previsão de investimentos de R$119,4 bilhões e criação de 32,5 mil empregos. Sendo que 75% (304) estão previstos para o interior, com R$ 100,9 bilhões previstos em investimentos e 18,7 mil vagas de empregos. Já para a Região Metropolitana de Salvador estão previstos os 25% (102) restantes, com R$ 18,4 bilhões em investimentos e 13,8 mil empregos.

BV – O que há de novidade em geração de negócios na Bahia para os próximos quatro anos?

AA – A grande novidade mesmo está no setor de energias limpas com o mercado de hidrogênio verde. A Bahia tem grande potencial para se tornar um Hub de Hidrogênio Verde, uma vez que somos líderes na geração de energia solar e eólica. No próximo ano abrigaremos a primeira fábrica de Amônia e Hidrogênio Verde (H2V) em escala industrial do Brasil a Bahia.

BV – Como pretende dialogar com o setor produtivo?

AA – O setor produtivo baiano está muito bem estruturado com a participação efetiva de entidades representantes de diversos segmentos produtivos. Fieb, Fecomércio, Faeb e demais entidades encontrarão na secretária portas sempre abertas, até porque essa é uma determinação do governo de Jerônimo Rodrigues. Nossa tarefa é dialogar e trabalhar intensamente para encontrarmos melhores estratégias para o desenvolvimento econômico do estado.

BV – O senhor falou sobre a reindustrialização do Estado, como isso vai ocorrer? Quais projetos pretendem tocar para recolocar a indústria baiana na rota de crescimento? O estado tem potencial para ser referência no país?

AA – O setor industrial baiano é muito amplo e diversificado. Já somos o estado mais industrializado da região Nordeste com grandes empresas aqui instaladas. A indústria do estado teve os resultados compatíveis com a conjuntura a nível nacional. Quando se trata do setor industrial baiano, temos atualmente, o grande desafio de realizar a transição energética, com fontes energéticas mais limpas e renováveis, como primeiro passo para modernizar o setor e torná-lo mais competitivo diante do cenário internacional.

Temos grande potencial para nos tornar uma referência, sim, especialmente com setores e empreendimentos que podem ser classificados como “locomotivas” da economia baiana, levando-se em conta pelo menos três fatores: potencial de crescimento rápido, efeito multiplicador significativo sobre o emprego e a renda e impacto inovador por utilizar e/ou difundir novas tecnologias.

BV – Quais as perspectivas para o setor de serviços, que também sofreu com pandemia?

AA – Devido à pandemia da Covid-19 o setor de serviço no estado teve seu desempenho comprometido. Porém, com a vacinação e os cuidados tomado pela população, foi-se retomando a reabertura dos comércios, dos serviços, das festas tradicionais, copa do mundo e agora o carnaval. As expectativas dos empresários com relação às vendas e serviços aumentaram.

Foi o que teve maior destaque com a geração de 42.504 empregos, seguido pelo setor de construção civil, com o saldo positivo de 23.924 novas oportunidades de trabalho no estado da Bahia. Entre as atividades econômicas, o destaque para as maiores geradoras de postos de trabalho ficou na construção de edifícios (13%), restaurantes e similares (3%) e em serviços de engenharia (2%), respectivamente.

Os municípios de Salvador, Feira de Santana e Lauro de Freitas foram as cidades baianas em que as MPE mais contribuíram para os resultados positivos do estado. A capital registrou saldo de mais de 24 mil empregos. Já em Feira, foram mais de sete mil, enquanto Lauro de Freitas registrou mais de cinco mil.

A Bahia foi o estado do Nordeste que obteve o maior saldo acumulado em 2022, concentrando 32% dos postos de trabalho criados na região, seguido por Pernambuco (17%), Ceará (15%) e Maranhão (9%). Dessa forma, dando continuidade nos projetos para 2023, serão necessários programas para apoiar e incentivar aos pequenos empresários.

Para este ano, espera-se o crescimento no turismo, hotelaria, restaurantes, eventos e, consequentemente, o crescimento também no setor do comércio.

BV – E como fica o setor de comércio?

AA – As expectativas para o setor são positivas com o desenvolvimento de ações visando a recuperação de forma equilibrada dos danos sofridos no período da pandemia. Projetos de capacitação, através da nossa parceria com o Sebrae e linhas de financiamento de crédito junto ao Desenbahia.

Vale ressaltar, que as vendas do comércio na Bahia, de acordo com os dados da Pesquisa Mensal de Comércio divulgadas pela SEI, apresentou alta de 1,3% em dezembro de 2022 em comparação a igual mês do ano anterior. O crescimento nas vendas do comércio varejista em dezembro decorre do período festivo, em que há no mercado um apelo para o consumo, dadas as comemorações natalinas e a realização do réveillon. Essa estratégia, associada à desaceleração na elevação dos preços, ao efeito ainda positivo no mercado de trabalho, em função das contratações temporárias de fim de ano e o pagamento do décimo terceiro salário impulsionaram o setor.

Por atividade, em dezembro de 2022, os dados do comércio varejista do estado baiano, quando comparado a dezembro de 2021, revelam que cinco dos oito segmentos que compõem o indicador do volume de vendas registraram comportamento positivo. O avanço nas vendas foi verificado nos segmentos de Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (40,1%), Combustíveis e lubrificantes (29,9%), Livros, jornais, revistas e papelaria (16,6%), Móveis e eletrodomésticas (2,4%) e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (2,2%).

FONTE: BAHIA DE VALOR

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