Você sabia que Alagoas é um dos estados mais importantes para a história e a cultura afro-brasileira? Foi aqui que nasceu e resistiu o Quilombo dos Palmares, a maior comunidade de escravizados fugidos do Brasil colonial, liderada por Zumbi, o símbolo da luta contra a escravidão.
E é aqui que vai acontecer, de 11 a 15 de novembro, o 4º Congresso de Pesquisadores(as) Negros(as) do Nordeste (Copene), um evento que reúne acadêmicos, ativistas, estudantes e profissionais que se dedicam a estudar e valorizar as contribuições dos negros e negras para a sociedade brasileira.
O Copene é promovido pela Associação Brasileira dos Pesquisadores Negros (ABPN), uma entidade que tem como objetivo fortalecer a produção científica e cultural dos pesquisadores negros no país, além de combater o racismo e a discriminação na academia e na sociedade.
O legado de Palmares e o futuro das políticas públicas
O tema desta edição do Copene é Duas décadas de ações afirmativas: o legado de Palmares e o futuro das políticas públicas. A proposta é fazer um balanço dos avanços e dos desafios das políticas de cotas e de outras medidas que visam garantir a igualdade de oportunidades e de direitos para a população negra no Brasil.
O evento contará com a participação de cerca de dois mil pessoas, entre elas, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e a deputada federal Dandara Tonantzin (PT-MG), que foi relatora da Lei de Cotas. Eles vão debater temas como educação, saúde, cultura, religião, gênero, violência, território, memória, entre outros, que dizem respeito à realidade e à diversidade dos negros e negras do Nordeste.
O Copene será realizado de forma presencial, seguindo todos os protocolos de segurança sanitária, em três instituições de ensino superior de Alagoas: a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e o Instituto Federal de Alagoas (Ifal).
Essas instituições têm uma longa tradição em sediar eventos com a participação de intelectuais e ativistas negros e negras. Desde a década de 1980, elas realizam encontros, simpósios, seminários e congressos que discutem a história, a cultura e a política afro-brasileira, com destaque para a questão de Palmares.
Evento é oportunidade de compartilhar a produção científica dos negros e negras
Um dos responsáveis pela organização do Copene é Danilo Marques, diretor do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) da Ufal. Ele explica que o evento é uma oportunidade de compartilhar a produção científica dos negros e negras do Nordeste, bem como de fortalecer a rede de pesquisadores e de movimentos sociais que lutam pela valorização da identidade e da cidadania negra.
“Trazer o Copene para Alagoas é um marco também do retorno da democracia, com a retomada das atividades da Fundação Palmares”, afirma Marques, referindo-se à instituição federal que tem como missão preservar e promover a cultura afro-brasileira.
O Neabi da Ufal está digitalizando o acervo documental dos anos 80 até os anos 2000, com toda a luta pela afirmação das populações negras e indígenas na Ufal. São arquivos de muitas atividades importantes como o 4º Encontro de Negros do Norte-Nordeste: a luta contínua, povo negro na diáspora (1984); Simpósio Nacional de Preservação de Sítios e Monumentos Negros (1988), 2º Simpósio Nacional sobre o Quilombo dos Palmares (1995) e 1º SBPC Afro-indígena (2018).
Se você se interessa pelo tema e quer participar do Copene, ainda dá tempo de se inscrever. Basta acessar o site do evento [aqui] e preencher o formulário. As inscrições são gratuitas e vão até o dia 10 de novembro. Não perca essa chance de fazer parte do maior evento de pesquisadores negros do Nordeste!
