A Revolta dos Búzios, também conhecida como Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates, foi um dos mais significativos movimentos populares do Brasil colonial. Defensor da independência, abolição da escravidão e da implementação de uma república democrática, encerrou-se de forma trágica em 1799, mas permanece como símbolo de resistência e justiça.
Contexto e Ideais do Movimento
Ocorrida em 12 de agosto de 1798 em Salvador, na capitania da Bahia, a revolta tinha como participantes alfaiates, artesãos, soldados, ex-escravizados e libertos.
Inspiradas por ideias da Revolução Francesa, o movimento defendia:
- Independência do Brasil
- Abolição da escravidão
- Proclamação da república
- Diminuição de impostos
- Livre comércio
- Fim do preconceito e valorização social independente de cor
Diferentemente da Inconfidência Mineira, o movimento baiano teve base popular, com forte protagonismo de negros e pardos. Além disso, historiadores consideram que programaticamente foi mais radical, cobrindo bandeiras que só seriam conquistadas décadas depois.
Lideranças e Repressão
Entre os líderes estão João de Deus do Nascimento, Manuel Faustino dos Santos Lira, Lucas Dantas de Amorim Torres, Luís Gonzaga das Virgens e também Cipriano Barata — todos mulatos e dos setores populares
O principal lider do movimento era Cipriano Barata, conhecido como médico dos pobres, jornalista, e politico baino… um revolucionário da Conjuração Baiana de 1798. Embora não tenha sido um dos líderes diretos do levante, Cipriano Barata apoiou e propagou os princípios do movimento, tornando-se posteriormente um ferrenho opositor do regime monárquico.
Os revoltosos pregavam a libertação dos escravos, a instauração de um governo igualitário (onde as pessoas fossem vistas de acordo com a capacidade e merecimento individuais), além da instalação de uma República na Bahia e da liberdade de comércio e o aumento dos salários dos soldados. Assim, tais ideias eram divulgadas sobretudo pelos escritos do soldado Luiz Gonzaga das Virgens e panfletos de Cipriano Barata.
Entre os líderes estão João de Deus do Nascimento, Manuel Faustino dos Santos Lira, Lucas Dantas de Amorim Torres e Luís Gonzaga das Virgens — todos mulatos e dos setores populares.
Entretanto, após a tentativa de revolta, eles foram capturados e brutalmente executados: enforcados e esquartejados em praça pública, em 1799. Um ato de terror para reprimir futuras manifestações.

Legado e Reconhecimento
A data de 12 de agosto de 1798 é lembrada como símbolo de luta por liberdade e igualdade,
Em 2011, os nomes dos quatro mártires foram inscritos no Livro de Aço dos Heróis Nacionais, reconhecimento retroativo da sua importância histórica.
Dessa maneira, a Bandeira da República Baiana, criada pelos conjurados, retratava o ideal republicano e abolicionista do movimento. Seu desenho influencia a bandeira atual da Bahia,
Assista o documentário e entenda mais da Revolta dos Búzios
Resumo
Tema | Detalhes |
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Nome do movimento | Revolta dos Búzios (Conjuração Baiana, Revolta dos Alfaiates) |
Data principal | Agosto de 1798 (panfletos), 8 de novembro de 1799 (execuções) |
Local | Salvador, Capitania da Bahia (Brasil Colônia) |
Líderes executados | João de Deus, Manuel Faustino, Lucas Dantas, Luís Gonzaga |
Principais bandeiras | Abolição da escravidão, república, igualdade racial, liberdade econômica |
Composição social | Negros livres, escravos, mulatos, artesãos, alfaiates, mulheres negras |
Repressão | Prisões, torturas, execuções, degredo, exposição pública de restos mortais |
Legado | Movimento popular pioneiro; memória reivindicada com homenagens oficiais |
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Portanto, a Revolta dos Búzios representa uma das primeiras tentativas de revolução social no Brasil, com protagonismo de afrodescendentes e uma proposta abolicionista antes mesmo da Independência. Afinal, sua importância histórica, ainda pouco divulgada, merece reconhecimento e memória viva — não apenas em Salvador, mas em todo o Brasil.
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