Salvador impulsiona o turismo de mergulho com ação inusitada

Ferry, Fotos Matheus LandimGOVBA
Ferry, Fotos Matheus LandimGOVBA

O ferryboat Juracy Magalhães Jr., que prestou serviços por quase 46 anos na travessia Salvador-Itaparica, teve seu naufrágio planejado na última sexta-feira (21). A princípio, o objetivo é criar um recife artificial marinho na região do Rio Vermelho, em Salvador. Ao mesmo tempo, a iniciativa é promovida pela Secretaria do Turismo do Estado (Setur-BA) em parceria com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e a Marinha do Brasil, com o objetivo de fomentar o turismo náutico e de mergulho na capital baiana.

Um novo destino para o Turismo de Mergulho no Nordeste

De acordo com o secretário estadual de Turismo, Maurício Bacelar, cerca de nove embarcações já foram naufragadas em áreas próximas à costa de Salvador e na Baía de Todos-os-Santos. O objetivo é transformar Salvador em um dos maiores parques urbanos de turismo de mergulho do mundo, aproveitando a proximidade dos naufrágios com o litoral para oferecer experiências acessíveis até para mergulhadores amadores.

“Nós temos naufrágios registrados por acidentes, pelas guerras da Independência da Bahia, do século XIX, mas queremos transformar Salvador no maior parque de turismo de mergulho do mundo urbano. As nossas embarcações estão muito perto do litoral, o que possibilita que mergulhadores amadores possam, em pouco tempo, sendo treinados, ter essa experiência”, destacou o secretário.

Impacto Ambiental e Estudos Científicos

O naufrágio controlado tem propósitos ecológicos além do turismo. Ao mesmo tempo, a estrutura do ferryboat, que possui aproximadamente 800 toneladas e 71 metros de comprimento. O naufrágio planejado dela ocorreu a quatro quilômetros da costa e a 30 metros de profundidade na região do Largo da Mariquita. Além de servir como abrigo para várias espécies marinhas, o novo recife artificial será objeto de estudos científicos conduzidos pelo governo baiano.

De acordo com o biólogo do Inema, Marcelo Peres, o local passou por uma série de avaliações ambientais, incluindo análises de sedimentos e biodiversidade. “Nossa expectativa é que, em apenas um ano, o ferry esteja repleto de corais e espécies marinhas variadas. Desse modo, contribuindo positivamente para a biodiversidade e o turismo do Estado”, afirmou Peres.

Turismo Náutico em Crescimento

A empresária e instrutora de mergulho Tania Corrêa, que opera uma empresa de mergulho em Salvador, explicou que recifes artificiais como o ferryboat Agenor Gordilho, afundado de forma planejada em 2020, já se tornaram atração para mergulhadores de todo o mundo. “Um recife artificial é um aglutinador, uma casa para os animais marinhos. A criação desses ambientes oferece um upgrade no turismo local”, disse Tania, que acumula 25 anos de experiência como instrutora.

Aumento da Procura por Atividades de Mergulho

Desde a criação do recife artificial com o ferryboat Agenor Gordilho e outras embarcações, a procura por atividades de mergulho em Salvador registrou um aumento de cerca de 435%, comparado ao período anterior à pandemia, de acordo com a Setur-BA.

Histórico do Ferryboat

O ferryboat Juracy Magalhães Jr. iniciou suas operações em 5 de dezembro de 1972, realizando a travessia Salvador-Itaparica. Após quase cinco décadas de operação, ele saiu de circulação em 16 de novembro de 2018. Agora, cumpre um novo propósito como parte do ecossistema marinho e do turismo náutico na Bahia.

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