Torquato Neto foi um gênio da cultura brasileira. Ele merece todo reconhecimento e celebração por sua obra e sua vida. Em função disso, o Congresso Nacional aprovou e o Presidente da República sancionou a Lei 14.742, de 30 de novembro de 2023, que reconhece como manifestação da cultura nacional as obras de Torquato Neto. Essa lei é uma homenagem justa e merecida a um dos maiores artistas que o Brasil já produziu.
Quem foi Torquato Neto?
Torquato Neto foi um dos maiores artistas brasileiros do século XX, tendo deixado um legado de obras poéticas, musicais, cinematográficas e jornalísticas que marcaram a história da cultura nacional. Nascido em Teresina, no Piauí, em 1944, Torquato se mudou para Salvador aos 16 anos, onde conheceu e se tornou amigo de nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia. Em 1962, foi para o Rio de Janeiro estudar jornalismo, mas não concluiu o curso. Trabalhou em diversos jornais, como Correio da Manhã, Jornal dos Sports e Última Hora, onde escrevia sobre música, cinema, poesia e política.
O que Torquato Neto fez com a Tropicália?
Contudo, o poeta foi um dos principais colaboradores do movimento tropicalista, que revolucionou a música popular brasileira na década de 1960, misturando elementos da cultura nacional com influências estrangeiras. Torquato compôs letras para canções que se tornaram clássicas, como Louvação, Pra Dizer Adeus, Geleia Geral, Minha Senhora, Zabelê, Nenhuma Dor, Todo Dia é Dia D e Go Back. Seus parceiros musicais incluíram Gilberto Gil, Caetano Veloso, Edu Lobo, Gal Costa, Jards Macalé e Waly Salomão.
Ao mesmo tempo, Torquato também se aventurou pelo cinema, atuando como ator, roteirista e diretor. Participou de filmes como Nosferatu no Brasil, de Ivan Cardoso, O Rei do Baralho, de Julio Bressane, e Terra em Transe, de Glauber Rocha. Sua obra cinematográfica é marcada pelo experimentalismo, pela crítica social e pela ironia.
A princípio, Torquato foi um poeta que explorou as possibilidades da linguagem e da forma. Dessa forma, dialogando com a poesia concreta, a poesia marginal e a poesia popular. Sua poesia é intensa, provocativa, lúdica e transgressora. Torquato publicou dois livros de poemas em vida: Os Últimos Dias de Paupéria (1972) e Torquatália (1973). Depois de sua morte, ocorreram o lançamento de outras coletâneas de seus poemas, como Um Poeta Desfolha a Bandeira e Amanhece (1976) e Torquato Neto: Essencial (2013).
Acima de tudo, Torquato viveu intensamente, mas também sofreu com os problemas políticos e pessoais de sua época. Foi perseguido pela ditadura militar, exilou-se na Europa, enfrentou o alcoolismo e a depressão. Em 1972, no dia de seu aniversário de 28 anos, Torquato se suicidou, deixando uma carta de despedida para a família e os amigos.
Abaixo uma música dos Titãs composta a partir de um poema de Torquato.
foto: Vitrine Filmes/Divulgação