O povoado Santa Rosa do Ermírio, em Poço Redondo, com apenas 10 mil habitantes, é conhecido por ser a principal bacia leiteira de Sergipe. No Alto Sertão do estado, há uma concentração de bovinocultores devido à alta demanda de fábricas de laticínios e queijarias da região. Para financiar a atividade, os produtores contam com apoio do Programa AgroNordeste, do Governo Federal, e do Programa de Desenvolvimento Territorial (Prodeter) do Banco do Nordeste, executados com a parceria entre Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), BNB, prefeituras e entidades rurais.
De janeiro a julho, foram aplicados R$ 31,8 milhões em crédito com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE). A ampliação é de 19,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. O AgroNordeste e o Prodeter atuam no fortalecimento de cadeias produtivas e colaboração para o financiamento integrado e orientado em toda a área de atuação do BNB, que contempla os nove estados do Nordeste e o norte de Minas Gerais e do Espírito Santo.
No estado de Sergipe, além do território Sergipana do Sertão do São Francisco, mais dois territórios do Prodeter são atendidos pelo Plano de Ação Territorial (PAT) da Bovinocultura de Leite em 13 municípios: Aquidabã, Canhoba, Canindé de São Francisco, Feira Nova, Gararu, Graccho Cardoso, Itabi, Monte Alegre, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora de Lourdes, Propriá, Poço Redondo e Porto da Folha.
O produtor João Batista, do povoado Santa Rosa do Ermírio, buscou o primeiro contrato de financiamento há 30 anos. Na época, o bovinocultor fazia parte de uma cooperativa e usou o investimento para comprar terrenos, gado leiteiro, construiu currais e cocheiras para os animais. “O crédito melhorou demais a minha vida. Antes não tinha dinheiro para nada, mas depois que fiz um financiamento junto à cooperativa, minha realidade mudou completamente. Graças a Deus nunca me arrependi. Por isso digo que dá para mudar de vida, basta a pessoa investir direito”, explica João.
A fazenda do produtor José Reis fica na mesma localidade. Ele viu a produtividade crescer após reunir conhecimento técnico e a parceria com o BNB. Ele conta que aprendeu a cultivar palma forrageira corretamente e agora pode colhê-la a cada 12 meses. Também investiu em dieta balanceada para o gado, para evitar desperdício de proteínas, e construiu pista de trato e cocheira segundo recomendações técnicas, o que lhe gera economia mensal de R$ 30 mil.
“A produtividade cresceu quatro vezes mais, nos últimos anos, graças às novas tecnologias, ao crédito bancário e ao trabalho de consultoria. E o veterinário ajudou demais na produção. Ele nos ensinou a fazer inseminação artificial e agora temos 90 vacas em gestação”, afirma José, que já se prepara para a possível baixa pluviométrica em 2022. “Neste ano tivemos pouca chuva, então a gente precisou enxugar os gastos e inseminar as vacas. Como faremos em outubro, então teremos 123 vacas em lactação, o que aumenta em cerca de 50% o total que temos hoje e, assim, estaremos preparados para o ano que vem”, reforça.
Parceria e técnica
Em outros municípios sergipanos, localizados no Alto Sertão e no Baixo São Francisco, produtores relatam crescimento da produção de leite por motivos semelhantes. Em Nossa Senhora de Lourdes, o bovinocultor João Lima possui uma fazenda de 410 tarefas para criação de 100 cabeças de gado. A produtividade do rebanho, de 1.400 litros por dia, é fruto do trabalho de João e dos investimentos periódicos realizados na propriedade. “Conseguimos financiar uma vaca quando não tínhamos condições de trabalhar. Hoje digo com orgulho que sou produtor rural. Faço o que gosto e criei meus filhos com isso, então não tenho do que reclamar”, diz João.
O produtor Edson Silva, do município de Canindé de São Francisco, consegue aplicar uma visão especializada à criação de bovinos, resultado da sua formação em Engenharia Química. Ele conta que a técnica aprimorada e o crédito com juros subsidiados servem como saída para ele e os demais produtores, por causa do baixo índice de chuvas na região.
Edson consegue manter o gado à base de silagem de dois alimentos forrageiros: a palma e o milho. Apesar do clima, a produção de 400 litros de leite por dia segue a todo vapor. “Como aqui é uma região leiteira, a gente vive disso, então o incentivo do Banco do Nordeste é muito bom. Os produtores empregam dois ou três vaqueiros com suas famílias, o que ajuda a fixar o pessoal na roça e evita a superlotação nas cidades. Ou seja, o crédito no setor agrícola do interior é benéfico para todo mundo”, ressalta.
Todo o leite gerado na propriedade é vendido a uma das maiores fábricas de laticínios em Sergipe. Este também é o caso de Berneval Barbosa, dono de uma fazenda de 1.000 hectares, localizada no município de Aquidabã. Na propriedade, ele cria 1.000 cabeças de gado e produz 2 mil litros de leite por dia. “Já peguei financiamento com o BNB para leite e para corte. Ele é muito importante para todos nós porque é um ótimo investidor, principalmente com todas as adversidades que enfrentamos”, destaca Berneval.
Segundo o gerente executivo de Desenvolvimento Territorial do Banco do Nordeste, Lenin Falcão, os trabalhos do AgroNordeste e do Prodeter têm colhido frutos importantes graças à rede de parceiros que conhecem bem a realidade da bacia leiteira em Sergipe. “São produtores rurais e técnicos de instituições públicas, privadas e de pesquisa que juntos constroem um plano de ação, com objetivos, metas e monitoramento constante. São instâncias de governança legitimadas dentro de cada território”, explica o gerente.
FONTE: ASSESSORIA BNB