O cangaço é um fenômeno social que ocorreu principalmente na região semiárida do Nordeste brasileiro, entre o final do século XIX e o início do século XX. A seca constante e a falta de alimentos levavam o povo a enfrentar condições precárias de fome e miséria.
História do Nordeste

A princípio, os primeiros cangaceiros surgiram entre 1830 e 1870, sendo Lucas Evangelista (ou Lucas da Feira) e Jesuíno Brilhante considerados os primeiros líderes do movimento. No entanto, foi em 1889, no contexto da Proclamação da República, que o cangaço ganhou maior popularidade.
Durante o século XX, o cangaço se expandiu em meio ao coronelismo, um sistema político dominado por coronéis — grandes proprietários de terras e fazendeiros que exerciam controle autoritário sobre suas regiões. O movimento se espalhou por quase todo o Sertão nordestino, sendo extinto apenas durante o Estado Novo de Getúlio Vargas (1930–1945).
Como agiam os Cangaceiros
Os cangaceiros, armados com espingardas, facas peixeiras e punhais, formavam bandos que saqueavam fazendas, sequestravam e matavam fazendeiros, impondo respeito e medo por onde passavam.
Curiosamente, em alguns contextos, os cangaceiros eram vistos como protetores da população contra os coronéis ditadores, recebendo apoio dos mais pobres. Contudo, não eram um grupo homogêneo. Alguns bandos praticavam crimes brutais contra a população, incluindo invasões e até mesmo atos de violência sexual.
Os cangaceiros se dividiam em dois grandes grupos:
- Cangaceiros Satisfatórios: Trabalhavam para os grandes proprietários de terras, exercendo funções milicianas sob as ordens dos coronéis.
- Cangaceiros Independentes: Atuavam por conta própria, como “piratas na terra”, cometendo crimes para seu próprio benefício.
Principais Cangaceiros

Apelido | Nome Real |
---|---|
Lampião | Virgulino Ferreira da Silva |
Maria Bonita | Maria Gomes de Oliveira |
Corisco | Cristino Gomes da Silva Cleto |
Lucas da Feira | Lucas Evangelista |
Jesuíno Brilhante | Jesuíno Alves de Melo Calado |
Elétrico | Manoel Miguel dos Anjos |
Alecrim | Pedro Vieira da Silva |
Gasolina | Anisio Marculino |
Cobra Verde | Antonio dos Santos |
Moreno | Antônio Inácio |
Beija-Flor | Ezequiel Ferreira da Silva |
Serra do Uman | Domingos dos Anjos |
Chumbinho | Hermínio Xavier |
Zabêlê | Izaias Vieira |
Sete Orelhas | Januário Garcia Leal |
Nevoeiro | Joaquim Mariano Antonio de Severia |
Tenente | José de Souza |
Andorinha | João Mariano |
Mangueira | Laurindo Virgolino |
Antônio Silvino | Manoel Baptista de Morais |
10 Entrevistas raras de Cangaceiros
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O fim do Cangaço

Ao mesmo tempo, o cangaço deixou um legado profundo na cultura nordestina e brasileira. Inspirou a literatura de cordel, peças teatrais, filmes, músicas e artes plásticas. No campo político, expôs a fragilidade dos governos locais e o descontrole sobre suas populações. Desse modo, justificando a repressão violenta do governo contra o movimento.
Diversas cidades do Nordeste, como Mossoró (RN), possuem memoriais e museus que preservam a memória da resistência contra os cangaceiros.
Assim, o cangaço foi muito mais do que Lampião e Maria Bonita. Foi um movimento complexo, repleto de histórias e figuras que marcaram profundamente o imaginário do Nordeste brasileiro.
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