O maior polo de confecção do Nordeste sempre foi inspiração para que pessoas iniciem no mundo do empreendedorismo trabalhando no setor. E a oportunidade do projeto criado no Agreste de Pernambuco inspirou outros centros a criar um mecanismo que possa favorecer a geração de emprego e renda e se consolidar como um complexo econômico de importância da região.
A prova disso é o estado do Tocantins, que veio buscar no interior do Nordeste esta fórmula do sucesso para ser implantada no estado mais novo do Brasil.
Para tanto, o Governo do Estado iniciou diálogos para um projeto ambicioso que visa impulsionar o setor têxtil e de vestuário no Tocantins, com foco na geração de empregos e renda para a população. Trata-se da implantação de um polo de confecções, que ainda está em fase de planejamento, mas já conta com o apoio de entidades do sistema S.
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Na última semana, o secretário de Estado da Indústria, Comércio e Serviços (Sics), Carlos Humberto Lima, reuniu-se com representantes do Sebrae, Senai e Senac na sede do órgão, para apresentar a proposta e convidá-los a fazer parte do projeto.
Visita técnica
Lima entregou aos parceiros o relatório de visita da missão técnica da Sics que foi ao Estado de Pernambuco no início deste mês para conhecer o maior polo de confecções das regiões Nordeste e Norte, que serve de inspiração para o Tocantins.
“Neste relatório, nós temos informações sobre o histórico e o funcionamento do polo de confecções pernambucano, especialmente sobre o modelo de governança, que é independente do poder público. A nossa proposta é que as entidades do sistema S, junto com as associações comerciais e industriais, assumam a liderança do polo de confecções tocantinense, garantindo a sua consolidação e sustentabilidade”, explicou Lima.
Uma comitiva liderada pelo secretário Carlos Humberto Lima, visitou os municípios de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, na zona do agreste pernambucano, para aprender com o modelo de negócios e governança da cadeia produtiva que pode ser adaptado à realidade tocantinense. Uma das características da indústria têxtil e de vestuário de Pernambuco é a gestão descentralizada e independente do poder público. Lá, a administração fica por conta de associações, cooperativas e entidades público-privadas, entre elas, órgãos do sistema S.
“É um projeto viável, importante e que vai despertar o empreendedorismo, a geração de emprego e renda e o desenvolvimento econômico da região onde o projeto for implantado. Um polo de confecções movimenta toda uma cadeia de atividades, como a de manutenção de máquinas e equipamentos, aviamentos, lavanderias e outras”, completou Lunáh Brito Gomes, diretora regional do Senac-TO.
Agora, as entidades voltam a se reunir em agosto após indicarem os técnicos que vão compor o grupo de trabalho que será coordenado pela Sics. O Governo do Estado estima um prazo de 24 meses para a elaboração dos estudos iniciais e início da implantação do polo de confecções tocantinense.
Quais os maiores polos de confecção do Brasil?
Onde fica | Cidades que fazem parte | Diferencial | Números |
---|---|---|---|
Vale do Itajaí, Santa Catarina | Blumenau, Brusque, Joinville, Itajaí, Nova Trento, Luiz Alves, São Bento do Sul e Jaraguá do Sul | Reengenharia, diversificação e exportação | Mais de 8 mil negócios, US$ 400 milhões exportados para a China em 2017 |
Ceará | 20 municípios do Ceará e mais 30 de outros estados do Nordeste | Inovação, sustentabilidade e personalização | Feira Maquintex em Fortaleza |
Agreste Pernambucano | Caruaru, Surubim, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe | Qualidade, sofisticação e jeans denim | Bilhões de reais movimentados, importação e exportação para vários países |
Polo de Americana, São Paulo | Americana, Sumaré, Santa Bárbara d’Oeste, Hortolândia e Nova Odessa | Fibras químicas e proximidade com o ABC Paulista | Produção perto de R$ 4 bilhões anuais, exportação para países da América Latina |
Como é o principal polo de confecções do Nordeste?
O polo do agreste pernambucano é o maior destaque do Nordeste na produção têxtil, com bilhões de reais movimentados em importação e exportação de tecidos para diversos países. A região, que abrange as cidades de Caruaru, Surubim, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, está em crescimento contínuo e influenciou na mudança do fluxo migratório, fazendo com que as pessoas ficassem na região em vez de irem para São Paulo e outras cidades do Sudeste em busca de trabalho.
Tudo começou ainda nos anos 70, nas famosas ‘feira da sulanca’, onde produtos eram vendidos no meio da rua, aproveitando a brisa do início da manhã para que milhares de comerciantes pudessem comercializar seu produto para os marchantes, turistas e visitantes que aproveitavam a pechincha dos preços.
Contudo, a região hoje é conhecida por investir em qualidade, produzindo peças refinadas, com sofisticação e inovação, e buscando sempre o selo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX). Um dos produtos que se destaca é o jeans denim, que é o principal produto do polo.