A espera por uma cirurgia eletiva de ortopedia no Ceará podem ter seus dias contados. Isto porque o Estado traçou uma estratégia robusta para mudar esse cenário ainda em 2025. A Secretaria da Saúde (Sesa) publicou em março um edital de credenciamento que destina R$ 37,1 milhões a hospitais públicos, filantrópicos e privados, com a meta de atender as cinco maiores filas da especialidade, congeladas em janeiro deste ano e que, juntas, somam 5 026 pacientes.
“Temos 17 hospitais interessados, sendo cinco já em fase final de análise. Cada um apresentará um plano de ação com o número de cirurgias que consegue executar”, explica Melissa Medeiros, coordenadora do Programa Estadual de Redução de Filas de Cirurgias Eletivas.
A contratação respeitará a regionalização: Cariri, Norte e Sertão Central terão unidades habilitadas, evitando que pacientes viajem longas distâncias. Os valores repassados cobrem consultas, exames pré-operatórios, OPME (órteses, próteses e materiais especiais), diárias de UTI e acompanhamento pós-cirúrgico.
As 5 cirurgias com maior fila no Ceará (jan./2025)
Ordem | Procedimento (técnico) | Descrição simplificada | Pacientes na fila |
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1 | Artroplastia total primária do joelho | Prótese total de joelho | 1 550 |
2 | Artroplastia total primária do quadril não cimentada/híbrida | Prótese total de quadril | 1 320 |
3 | Reconstrução ligamentar intra-articular do joelho | Cirurgia de ligamento (ex.: LCA) | 772 |
4 | Reparo de rotura do manguito rotador | Cirurgia para lesão dos tendões do ombro | 862 |
5 | Tratamento cirúrgico de síndrome compressiva em túnel ósteo-fibroso (carpo) | Descompressão de síndrome do túnel do carpo | 522 |
De onde virá o dinheiro?
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Tesouro estadual: R$ 37,1 milhões previstos no edital (duração: 12 meses, com possibilidade de aditivo).
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Programa Nacional de Redução de Filas (PNRF): dos R$ 52 milhões enviados ao Ceará em 2025, 20 % serão reservados para a ortopedia, reforçando o caixa se necessário.
A maioria das cirurgias visa devolver a locomoção aos pacientes. Foto: Freepik
Por que contratar a rede privada?
O edital aponta três gargalos:
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Baixa oferta de consultas pré-operatórias na rede própria da Sesa;
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Pouca rotatividade nas filas eletivas de ortopedia;
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Alto número de processos judiciais exigindo cirurgias (139 casos já judicializados).
Hospitais privados com estrutura de alta complexidade — salas cirúrgicas, UTI e equipes especializadas — conseguem absorver os casos mais pesados, especialmente pacientes idosos com múltiplas comorbidades, que não podem ficar aguardando indefinidamente.
A princípio, o objetivo do programa é acelerar agendamentos e zerar a fila de 5 mil cirurgias num prazo de até 12 meses. Ao mesmo tempo, essas metas que exigem logística, verba e, principalmente, gestão firme. Se funcionar, o modelo poderá ser replicado em outras especialidades e estados.
Assim, com financiamentos definidos e hospitais prontos para entrar em ação, o Ceará dá o passo mais concreto dos últimos anos para transformar filas infindáveis em cirurgias realizadas. Desse modo, devolver qualidade de vida a milhares de cearenses.