Em 2020, a quantidade de financiamentos realizados pelo Banco do Nordeste com o setor cresceu 94%
A produção e o beneficiamento do mel em Alagoas ganha destaque nos números de balanço setorial do Banco do Nordeste. A concessão de crédito no segmento, segundo o BNB, teve incremento de 94% em 2020 se comparado ao ano anterior, somando R$ 1,5 milhão. O valor inclui recursos para modernização de apiários e também revela a expansão da atividade entre agricultores familiares. Para esse público, o aumento nas contratações chegou a 261%.
Segundo o superintendente do Banco em Alagoas, Sidinei Reis dos Santos, nos últimos cinco anos, foram mais de R$ 6 milhões em contratos voltados à apicultura e ao processamento do mel no Estado, abrangendo o apoio à instalação de uma indústria de base tecnológica, em Marechal Deodoro. “Com o aumento do consumo de alimentos suplementares e naturais, impulsionado pela pandemia da covid-19, o setor mais que dobrou a produção e já mira o mercado internacional. A aposta das empresas na tendência mundial pelos cuidados com a saúde e a busca por produtos da abelha e seus derivados se refletiram no aumento do crédito direcionado à aquisição de maquinários e à incorporação de tecnologia ao processo produtivo”, ressalta.
Mercado externo
A modernização da Apícola Fernão Velho, em Maceió, por meio da aquisição de equipamento para processamento e envase do mel, lista entre os exemplos apontados pelo Banco do Nordeste. Pioneira no Brasil na produção de vinho e vinagre a partir do mel de abelhas e atuante no mercado há 23 anos, a empresa contratou crédito com o BNB para a aquisição do maquinário que, segundo o engenheiro agrônomo Mário Calheiros, fundador da fábrica, viabilizará a entrada de seus produtos no comércio exterior.
“A gente percebeu que precisava alavancar a modernização da empresa. A nossa finalidade principal com o crédito do BNB foi o equipamento, um maquinário moderno que pode fazer tanto o processamento com mais qualidade, como também fazer a parte do envase sem praticamente nenhum contato humano”, conta o criador da apícola, enfatizando ser essa uma das exigências do mercado externo. Além disso, com o capital de giro, foi possível dobrar a capacidade de produção do própolis em campo. Mário estima que, no máximo em 2022, terá ingressado no comércio exportador de forma mais definitiva. “Ano passado, recebemos pedidos, principalmente de própolis, de vários estados do Brasil, e também da Europa, Ásia e EUA. Fizemos uma visita e já observamos in loco o mercado da Austrália e Japão, que são grandes consumidores de própolis. Estamos em contato com alguns empresários nesses países”, revela.
Selo de qualidade
Mário Calheiros enaltece ainda as qualidades únicas da própolis vermelha de Alagoas, atestada pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial, que certificou, em 2012, o produto alagoano com o selo de Identificação Geográfica de Denominação de Origem. “Essa própolis nossa é de grande interesse mundial. É a própolis vermelha dos manguezais de Alagoas, que tem um reconhecimento mundial através de uma denominação de origem. É um antibiótico natural, um produto voltado para a indústria farmacêutica, cujo consumo aumentou muito em razão da pandemia”, afirma.
Inovação
Outra empresa que também recebeu apoio do Banco do Nordeste foi a Beeva. Com recursos do FNE – Inovação (linha de financiamento destinada a projetos inovadores de base tecnológica), a indústria se instalou em 2018, em Marechal Deodoro. Ano passado, novo contrato foi voltado para aquisição de equipamentos.
A Beeva, que visa ao desenvolvimento do semiárido brasileiro pela apicultura, atua com produtores parceiros, principalmente de cidades que compõem o bioma da caatinga, especialmente nos estados do Ceará, Piauí, Alagoas e Bahia. Possui um laboratório próprio de pesquisa e linha de produtos de alimentos, suplementos e nutraceuticos.
O CEO da Beeva, Jatyr Oliveira, enfatiza que “o propósito maior é integrar a tecnologia, informação e inovação respeitando ao máximo o meio ambiente e dando protagonismo a quem realmente faz acontecer: a natureza e os produtores familiares”. Ele atesta ainda que “uma das inovações já incorporadas à cadeia produtiva foi trabalhar por florada especifica, respeitando as temporalidades da cadeia. Dessa forma, é possível oferecer produtos com sabores exclusivos e produtos singulares da biodiversidade brasileira. Esse trabalho envolve a qualificação continua dos produtores em manejo sustentável para garantir uma boa produtividade e qualidades aos produtos”.
FONTE: ASSESSORIA BNB