A cultura do cacau já teve seu apogeu, no sul da Bahia, se tornado parte da própria história econômica e cultural do país, e também sua trajetória de declínio, em torno da doença que atinge os cacaueiros, conhecida como vassoura de bruxa, a partir do final da década de 1980. O investimento em pesquisa e tecnologia, principalmente na cidade de Ilhéus (BA) e entorno, passou a desenvolver uma variedade resistente à praga com a possibilidade de retomada da cacauicultura. Foi nessa região em que o produtor rural e engenheiro agrônomo Aryl Pontes Lyra Filho, já experiente no cultivo do coco, em Teotônio Vilela (AL), foi buscar consultoria para introduzir o cacau em Alagoas, de forma pioneira: o plantio consorciado com os coqueirais. Para viabilizar o projeto, contratou crédito do Banco do Nordeste, de cerca de R$ 1,6 milhão.
Os recursos, oriundos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (Programa FNE – Inovação) foram investidos para instalação de sistema de geração de energia solar, de 56.652,16 kwh/mês, que garantirá o bombeamento necessário à irrigação de toda a produção. “Os custos com energia elétrica para irrigação são muito altos e, na fruticultura, principalmente no Nordeste, é imprescindível um sistema irrigado de produção”, afirma Aryl que, com a utilização da energia solar, vai reduzir as despesas com esse insumo e possibilitar o plantio das duas culturas. Serão 22 hectares plantados de coco anão consorciado com o cacau, com expectativa de primeira colheita em três anos.
Para o superintendente estadual do Banco do Nordeste em Alagoas, Sidinei Reis, “o BNB procura apoiar projetos inovadores, que investem em tecnologia, resultem em melhoria nos processos produtivos, na qualidade de vida da população e na geração de emprego e renda”. No caso da energia solar, o gestor destaca que, além de possibilitar a utilização de equipamentos e sistemas com alto consumo energético, com custos reduzidos, há o fator de preservação ambiental, pelo fato de se tratar de uma fonte de energia renovável.
Pioneirismo
Em relação à implantação da cacauicultura em terras alagoanas, o produtor Aryl reforça que há um déficit nacional grande na produção de cacau e que a aposta em Alagoas se deu pelos bons índices de luminosidade, necessária ao desenvolvimento da fruta. Ele destaca que a introdução do cacau na área de coqueiral otimiza a utilização do solo e requer a mesma estrutura do plantio do coco de modo isolado. “É como se fosse uma fazenda em dois andares”, brinca.
As mudas do projeto são de uma variedade resistente às doenças do cacaueiro e vieram de parceria com a empresa Barry Callebaut, líder mundial da fabricação de produtos de alta qualidade derivados do cacau. A expectativa é que a área alagoana inicie com produção de 150 arrobas do fruto por hectare, com perspectiva para 250 arrobas/hectare.
FONTE: ASSESSORIA