O cenário político de Alagoas passa por uma reconfiguração significativa com a recente indicação da procuradora Marluce Caldas ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A decisão, anunciada no último dia 10, tem implicações que vão além do Judiciário: sinaliza um acordo entre antigos rivais políticos no estado, que pode mudar o curso das eleições de 2026.
A escolha de Marluce, considerada uma vitória para o estado e para a representatividade feminina no Judiciário, envolveu articulações que uniram nomes até então antagônicos como Arthur Lira (PP), Renan Calheiros (MDB), Renan Filho (ministro dos Transportes) e o prefeito de Maceió, JHC (PL).
Bastidores do acordo e reações
Apesar de não formalizado publicamente, o entendimento foi selado nos bastidores de Brasília e tem potencial para reduzir o acirramento político em Alagoas, segundo a cientista política Luciana Santana (UFAL). A presença conjunta de Lira, Renan e JHC durante a cerimônia de anúncio da indicação de Marluce é vista como sinal claro de articulação.
Enquanto aliados de JHC na Câmara de Maceió reagem com cautela, opositores mais radicais, como o vereador Leonardo Dias (PL), já indicaram que romperão com o prefeito caso ele se alinhe ao PT ou ao grupo de Renan Calheiros.
Eleições de 2026: polarização pode dar lugar a composição pragmática
Com o possível “pacto da conciliação”, as eleições em Alagoas podem ser menos polarizadas do que em anos anteriores. A falta de oposição robusta entre os grandes nomes locais pode facilitar acordos, mas, segundo especialistas, também pode empobrecer o debate eleitoral.
A cientista política Luciana Santana alerta que a falta de competição política pode comprometer a fiscalização e o controle democrático. Por outro lado, ela aponta que setores mais conservadores e ligados ao ex-presidente Bolsonaro ainda podem lançar nomes para a disputa, mantendo viva a possibilidade de oposição real.
A indicação de Marluce Caldas ao STJ é mais que uma conquista jurídica: é uma peça-chave na reorganização política de Alagoas, com efeitos diretos na disputa de poder local. Se os acordos se confirmarem e forem mantidos até 2026, o estado poderá vivenciar uma eleição com menos tensões entre os líderes tradicionais, mas com atenção voltada a possíveis novos atores da oposição e à reação do eleitorado.
LEIA TAMBÉM
– Seis vezes que o Nordeste provou ser a bola da vez em 2025
– Banco do Nordeste injeta R$ 1,7 bihão no agronegócio de Pernambuco
– Descubra a praia do Nordeste eleita a melhor do mundo
– Como as tarifas de Trump podem impactar o Nordeste?