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Açúcar: Revisão das estimativas para a safra 2020/21 no Norte-Nordeste

Nos últimos meses, as condições climáticas foram o principal fator de pressão sobre a produtividade dos canaviais, sendo que a escassez hídrica se mostrou particularmente grande em Alagoas, principal estado produtor da região

Açúcar: Revisão das estimativas para a safra 2020/21 no Norte-Nordeste
Em meio ao início da entressafra da temporada sucroalcooleira de 2020/21 (set-ago) nos estados produtores do Norte e Nordeste do Brasil, a equipe de Inteligência de Mercado da StoneX traz revisões para os números finais de safra. Nos últimos meses, as condições climáticas foram o principal fator de pressão sobre a produtividade dos canaviais, sendo que a escassez hídrica se mostrou particularmente grande em Alagoas, principal estado produtor da região.

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Além disso, a fabricação de açúcar assumiu protagonismo na temporada, tendo em vista a dinâmica de preços e maior atratividade da commodity – o que, em conjunto com a apreciação do dólar comercial, estimulou significativamente as exportações pelo NNE. Ainda assim, é interessante notar que a destilação de etanol também se manteve relativamente sustentada, em meio ao fim das cotas de importação isentas de tarifa do álcool em dezembro/20.

Produtividade agrícola e moagem
Entre maio e agosto de 2020, período caracterizado pela maior incidência de chuvas no Norte e Nordeste brasileiro, a umidade se manteve elevada na região, superando o mesmo período de 2019 e a média de longo prazo em 23,4% e 4,0%, respectivamente. Essa dinâmica beneficiou o rendimento agrícola dos canaviais, aumentando as expectativas quanto a moagem e produção dos subprodutos da cana em 2020/21.

No entanto, com o início da safra, entre agosto/20 e setembro/20, as precipitações passaram a se posicionar abaixo da normalidade. No acumulado entre setembro/20 e a 4ª semana de março/21, por exemplo, a umidade alcançou 356,4 mm, queda de 11,0% frente à normalidade.

Esse cenário foi particularmente evidente na Mata Alagoana, que concentra a maior parte das usinas de Alagoas, onde a diminuição das chuvas em relação à normalidade alcançou 45,8% desde o início da safra corrente até a última semana, para 182,4 mm. No total das áreas de cana do estado, por sua vez, as precipitações acumuladas se posicionaram em 184,2 mm (-44,9%).

Ainda que de forma menos intensa, Pernambuco também observou relativo estresse hídrico nos últimos meses de 2020. No entanto, o estado recebeu chuvas de 452,6 mm no período mencionado (set/20-mar/21), o que representa firme avanço anual de 72,4%, além de crescimento de 1,3% frente à média de 10 anos.

Mas qual o impacto desta conjuntura climática sobre os canaviais? De modo geral, a estiagem prolongada corroborou maior necessidade de reposição hídrica dos solos, que atualmente se posiciona em patamares superiores a 80 mm na maior parte das regiões canavieiras do NNE, de acordo com dados do Sistema de Monitoramento Agrometeorológico (Agritempo).

Dessa forma, observou-se diminuição da saúde da vegetação, mensurada a partir do Índice de Saúde Vegetal (ISV)*, que pondera os efeitos da temperatura e umidade sobre as culturas agrícolas. Desde meados do último ano, o indicador tem traçado tendência majoritária de queda, posicionando-se em 32,5 pontos na média da 1ª quinzena de março – diminuição de 26,8% frente ao início de setembro e de 17,5% ante a média de 10 anos.

Por isso, diminuímos em 5,9% nossa projeção de moagem para a região em 2020/21, para 51,6 milhões de toneladas, volume que também representa uma queda safra-a-safra de 1,5%.

*Varia de 0 (estresse extremo) a 100 (saúde plena)

Qualidade da matéria-prima
Apesar da queda observada na umidade nos últimos meses, dinâmica que poderia contribuir para a sustentação do ATR médio dos canaviais, espera-se que o indicador diminua frente ao inicialmente projetado pela StoneX – dinâmica que, em parte, se deve à umidade acima da média observada durante o período de desenvolvimento vegetativo dos canaviais. Especificamente, estimamos que a concentração de açúcares no colmo da cana alcance 130,8 kg/t, queda de 1,9% ante a 2019/20, safra marcada por significativo déficit hídrico. Apesar disso, é interessante observar que esse valor se posiciona em linha com a média das 03 últimas temporadas.

A conjunção entre diminuição da moagem e do ATR médio deve levar o ATR total – isto é, a quantidade de açúcares recuperáveis que serão processados pela indústria – para 6,7 milhões de toneladas, retração de 3,3% no comparativo com o ciclo anterior.

Mix e produtos da cana
Assim como ocorreu no Centro-Sul, observou-se maximização do mix açucareiro pelas usinas do NNE em 2020/21. Desde o início do ciclo atual na 2ª região, o Brasil continuou assumindo protagonismo no mercado de açúcar, destacando-se como um dos únicos players com oferta e capacidade logística de suprir o mercado internacional.

Tanto que, no acumulado da temporada corrente até fevereiro, unidades produtoras do Norte e Nordeste direcionaram pouco menos de 1,2 milhão de toneladas da commodity a compradores internacionais, superando mesmo período de 2019/20 em 29,8% – volume que também representa aumento de 54,1% em relação à média das últimas 03 safras.

Para além disso, os elevados patamares de preço do açúcar no mercado internacional corroboraram a sustentação das cotações domésticas do produto, que se mantiveram operando com prêmio frente ao etanol. Em Pernambuco, por exemplo, o VHP exportação atingiu média de R$ 88,90/sc na média da safra até então, ao passo que, no mesmo período, o hidratado comercializado no mercado doméstico foi cotado a R$ 66,23/sc de VHP-equivalente.

É interessante notar, também, que o açúcar se manteve atrativo no mercado doméstico pernambucano e alagoano – dinâmica em parte influenciada pela própria remuneração elevada da variedade destinada ao exterior. Indicativo de preços da StoneX mostra que, desde setembro/20, o Cristal 150 se valorizou em 23,4% em Pernambuco, para R$ 116,11/sc, e alcançou R$ 111,90/sc em Alagoas (+28,3%).

Dessa forma, projetamos um mix açucareiro de 46,1% no ciclo 2020/21 do NNE, proporção que representa crescimento de 3,3 p.p. em relação ao anterior – levando a fabricação da commodity para volume próximo a 3,0 milhões de toneladas (+4,1%). Ainda assim, é interessante notar que a diversificação da cana para a produção de açúcar não superou máximas recentes, tais como o mix observado em 2016/17, de 54,1%.

Essa dinâmica reflete a produção relativamente sustentada de etanol, especialmente em meio ao fim das cotas de importação de álcool isentas de tarifação de 20% em dezembro/20, o que limitou a entrada de produto oriundo dos Estados Unidos no país, e retomada do consumo de combustíveis do Ciclo Otto no período recente.

No entanto, é importante ponderar que, apesar das internalizações do biocombustível proveniente dos Estados Unidos terem diminuído desde o ano passado, houve mudança de tradeflow com a não renovação das cotas, refletindo maior compra do produto oriundo do Paraguai – país membro do Mercosul e que, portanto, está isento do imposto citado, tornando-o mais competitivo no mercado brasileiro.

Nesse sentido, projeta-se que aproximadamente 2,1 milhões de m³ do biocombustível sejam fabricados por usinas do NNE, volume que representa queda de 9,0% no comparativo safra-asafra. Deste total, 1,2 milhão de m³ devem representar a produção de hidratado (-17,3%) e 970 mil m³ a destilação de anidro (+3,4%).

FONTE: PORTAL DO AGRONEGOCIO

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